A Polícia do Rio realiza, nesta terça-feira (30), uma nova perícia no condomínio Pedra de Itaúna, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde as quatro pessoas da mesma família foram encontradas mortas nesta segunda (29).
Os policiais chegaram no edifício pouco antes do meio-dia e deixaram o local por volta das 14h.
Em nota divulgada nesta terça, a Polícia Civil afirmou que repudia a divulgação das imagens dos corpos da família. Segundo o delegado Rivaldo Barbosa, a Polícia Civil ainda não sabe quem divulgou essas imagens, mas afirmou que isso é um comportamento inaceitável e será investigado.
Em nota, a DH informou que não divulgará informações sobre depoimentos de testemunhas e familiares para preservá-los.
"Diante da tragédia que aconteceu na Barra da Tijuca, onde um pai, a mãe e dois filhos morreram, percebemos como algumas pessoas, sem compromisso com a técnica e respeito à dignidade da pessoa humana, divulgam fotos do local, dos corpos, do interior do apartamento e de objetos que serão periciados. Estou me dirigindo as pessoas que tiveram acesso, em especial, a residência da família, antes da chegada da delegacia de homicídios. Esse comportamento é inaceitável, pois estamos diante de uma tragédia familiar e o mínimo que se espera é o respeito à intimidade dessa família", diz a nota assinada por Rivaldo.
Vizinhos da família passaram a noite desta segunda em vigília, fazendo orações. Segundo a polícia, a suspeita é que o homem tenha matado a mulher e os dois filhos e depois se jogado pela janela. O choque e a tristeza diante do crime bárbaro reuniu vizinhos e amigos do casal.
“Acabou tudo, acabou. Eu pedi tanto a papai do céu: Recebe essa família’, disse, emocionada, a vizinha Ana Maria Moraes. Muitos ainda não compreendiam o motivo da tragédia. “Parecia até uma família equilibrada e tudo, né. Mas é um horror, né, infelizmente”, afirmou o vizinho Roberto Diniz.
Na manhã desta segunda, quatro pessoas da mesma família morreram no condomínio Pedra de Itaúna, na Barra. No apartamento, a polícia encontrou algumas pistas: uma faca, a tela de proteção da varanda rasgada e uma carta. A perícia vai confirmar se ela foi escrita por Nabor Coutinho de Oliveira Júnior, de 43 anos.
"Me preocupa muito deixar minha família na mão. Sempre coloquei eles à frente de tudo ante essa decisão arriscada para ganhar mais. Mas está claro para mim que está insustentável e não vou conseguir levar adiante. Não vamos ter mais renda e não vou ter como sustentar a família". "Sinto um desgosto profundo por ter falhado com tanta força, por deixar todos na mão. Mas melhor acabar com tudo isso logo e evitar o sofrimento de todos", dizia trechos da carta.
A suspeita da polícia é de que Nabor tenha matado a esposa, Lais Khouri, de 48 anos, com duas facadas no pescoço. O corpo dela estava na cama do casal. Logo depois, ele teria jogado os dois filhos - Henrique, de 10 anos, e Arthur, de 6 - do décimo oitavo andar, onde a família morava.
Os investigadores ainda não sabem se os meninos estavam dormindo, sedados ou já mortos quando caíram. Em seguida, Nabor teria se jogado da varanda.A polícia disse que os pagamentos do aluguel do apartamento e do condomínio não estavam atrasados. Os investigares afirmaram também que, no mês passado, Nabor pediu demissão de uma empresa de telefonia, onde trabalhou por muitos anos e que já estava empregado de novo.A companhia onde ele trabalhou informou que Nabor era um profissional respeitado e querido por toda equipe e que havia se desligado voluntariamente para um novo desafio na carreira. Já a empresa pra onde ele foi, disse que Nabor integrava a equipe há apenas seis semanas, como consultor, e que todos gostaram de conhecê-lo e trabalhar com ele.
Um antigo colega de trabalho contou que conversou com Nabor foi na última quinta-feira. ”Ele me falou que estava muito feliz com a proposta financeira excelente que ia fazer e sempre foi uma pessoa controlada e que planejada muito os gastos dele”, afirmou o amigo Denis Catauassu.
O delegado Fábio Cardoso, titular da Divisão de Homicídios da Capital, falou que as investigações não apontam problemas financeiros. “Problemas profissionais que ele estaria vivendo depois que ele trocou de emprego. Isso realmente choca até os policiais mais experientes, pelo cenário que se viu, no local desse crime”, afirmou o delegado. A polícia está ouvindo moradores, amigos e parentes do casal para tentar esclarecer o que aconteceu.Nabor e Lais eram de Minas Gerais, mas moravam há mais de 10 anos no Rio. Ainda não há informações sobre o velório e o enterro da família.