O delegado Tiago de Freitas Nogueira, que investiga o caso do agricultor de 45 anos preso após estuprar duas filhas durante anos, na cidade de Rio Negrinho, no interior de Santa Catarina, disse que a polícia sabia do caso desde 2007. A filha mais velha do suspeito, de 24 anos, procurou a delegacia da cidade no dia 26 de dezembro de 2007 para denunciar o pai.
No dia 27 de dezembro, o agricultou também procurou a delegacia para relatar o desaparecimento da filha. Segundo o delegado, a polícia não investigou nenhuma das duas denúncias. No dia 19 de janeiro de 2008, a filha voltou ao local para retirar a queixa contra o pai alegando que inventou a história. Como ela já tinha 18 anos, a polícia acatou a posição da jovem e retirou a ocorrência.
O delegado disse que esta informação foi anexada ao inquérito do caso, concluído nesta quarta-feira (16) e encaminhado ao Ministério Público, como uma possível negligência por parte da polícia. O agricultor foi indiciado por estupro de vulnerável e estupro.
Em depoimento, as duas filhas confirmaram os estupros. As vítimas não souberam precisar quando os abusos começaram, mas uma acredita que foi aos cinco anos. Sua irmã só se lembra de ter sido estuprada pela primeira vez aos 11 anos.
A família vive em uma casa simples na zona rural da cidade. No imóvel, moravam o suspeito, a mulher, nove filhos ? incluindo as duas vítimas ? e os três filhos de cada uma delas. Além disso, a filha mais nova está grávida do quarto filho do pai. A jovem está no terceiro mês de gestação.
De acordo com o delegado Tiago de Freitas Nogueira, o pai exercia domínio sobre a família mediante ameaças, como de atear fogo na casa com todos dentro ou de levar as crianças que teve com as filhas embora. Com isso, as vítimas acabavam obedecendo às suas ordens. As jovens não podiam frequentar nem a escola e só saíam de casa para trabalhar na roça com o pai.
A mãe das jovens descobriu os abusos quando a filha mais velha engravidou do primeiro filho, mas não denunciou o marido por medo. Segundo o delegado, ela não será indiciada porque também foi uma vítima do suspeito.
O agricultor foi preso após o fim dos depoimentos das filhas, na madrugada de sexta-feira (11), e cumpre prisão preventiva no Presídio Regional de Mafra.
Ainda de acordo com o delegado, as seis crianças frutos do incesto foram registradas apenas com o nome das mães. As crianças, com idades entre um e seis anos, continuarão morando com a família. O Conselho Tutelar e a Assistência Social estão acompanhando o caso.