Policiais no topo da “pirâmide” de Romário

Pessoas que foram lesadas contaram que a pirâmide quebrou em julho do ano passado, após movimentar R$ 70 milhões

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Um major da PM, que já foi diretor de presídio, e um policial civil eram, ao lado de Jorge Alexandre Tavares Domingues, o Índio, os chefes do esquema conhecido pirâmide ou "contêiner", que após quebrar gerou um prejuízo de cerca de R$ 10 milhões a centenas de pessoas, entre elas jogadores de futebol, pagodeiros, bicheiros e policiais militares, civis e federais. Já o ex-jogador Romário servia como "avalista" do contêiner, devido a sua imagem, sempre associada a sucesso financeiro. A participação do Baixinho servia para atrair novos participantes para o esquema. A quebra da pirâmide teria resultado no assassinato de Glauber de Jesus Matos Nascimento, de 37 anos, em janeiro deste ano.

Reunião em clube

Pessoas que foram lesadas contaram que a pirâmide quebrou em julho do ano passado, após movimentar R$ 70 milhões durante um ano e meio. Cerca de cinco meses depois, Alexandre teria realizado uma reunião num clube na Praça Seca, em Jacarepaguá, com aproximadamente 400 pessoas que tiveram prejuízo no esquema.

- Alexandre chegou acompanhado de vários seguranças. Muitas pessoas estavam pressionando por uma solução, pois estavam há meses no prejuízo. Aí ele convocou a reunião para se explicar. Alexandre prometeu que ia pagar o que devia a todos, mas após essa reunião ele desapareceu - disse um homem que perdeu R$ 30 mil na pirâmide.

Para atrair mais pessoas para o esquema, Alexandre e seus sócios diziam que precisavam de dinheiro para liberar um contêiner, que estava apreendido no Porto do Rio, repleto de mercadorias contrabandeadas da China. Com o lucro obtido com a revenda das mercadorias, os cabeças do esquema prometiam remunerar os investidores em 30% do valor aplicado, em 30 dias.

Baixinho vai depor

Já Romário foi intimado ontem a depor no inquérito aberto pela Delegacia de Defraudações (DDEF) que apura a pirâmide. O depoimento deve ser ainda esta semana.

- Quero saber se ele participava do esquema, se era organizador ou participante, e se foi lesado - disse o delegado Robson Ferreira, da DDEF.

Policiais da 24 DP (Piedade) continuam à procura de Alexandre, principal suspeito do assassinato de Glauber Nascimento. Meses antes do crime, Glauber teria agredido e ameaçado Alexandre de morte, por causa dos prejuízos que teve na pirâmide. Romário presenciou a briga e, para apaziguá-la, teria entregue seu jipe Hummer H2 a Glauber como garantia.

Jipe de Romário, enfim, aparece

O jipe Hummer H2 de Romário, que até então estava desaparecido, foi localizado ontem por policiais da 24 DP na revendedora Euro Imported Car, na Barra da Tijuca. Como o EXTRA noticiou ontem, o veículo está em nome de Isabella Bittencourt, atual mulher do Baixinho. Um modelo deste novo é avaliado em R$ 400 mil.

Segundo o delegado Sérgio Lomba, um dos responsáveis pela revendedora, que se identificou como Fábio, apresentou um comprovante de que comprou Hummer H2 em 8 de janeiro deste ano. Entretanto, de acordo com a polícia, a transferência de propriedade do jipe para o nome da mulher de Romário ocorreu em 22 de janeiro.

- Para justificar a demora na transferência de propriedade do Jipe para a revendedora, o sócio disse que o veículo passou meses numa loja de blindagem. Pelo menos oficialmente, não confirmamos a versão de que Romário deu o jipe a Glauber para quitar a dívida da pirâmide. Vou intimá-lo a apresentar esse documento oficialmente na delegacia e para esclarecer alguns pontos - disse o delegado Sérgio Lomba.

Romário vai à loja

A polícia esteve na revendedora na Barra no fim da tarde de ontem, momentos após Romário e o sócio identificado como Fábio terem chegado ao local. O Baixinho permaneceu poucos minutos na loja, e saiu sem dar declarações. Fábio também não quis explicar ao EXTRA como adquiriu o Hummer H2 e nem o que Romário foi fazer no estabelecimento.

Bandeira de seu Edevair é furtada

O inferno astral de Romário parece não ter fim. A bandeira com o rosto de seu pai, Edevair, desapareceu em confusão depois da vitória do América sobre o São Cristóvão, por 3 a 1, no último domingo, na Rua Figueira de Melo. O presidente da Torcida Inferno Rubro, Jorge Batuke, irá registrar ocorrência hoje na 17 DP.

- Essa bandeira levou o Romário às lágrimas no dia da apresentação dele. Esperei três dias para ver se estava com alguém do América. Mas não tive retorno.

O presidente da torcida diz ainda que após o jogo, cerca de 20 torcedores que se diziam do São Cristóvão hostilizaram os americanos e partiram para a briga. A PM chegou a jogar spray de pimenta. A bandeira com rosto de Romário foi salva.

Prisão por não pagar pensão e dívidas

Romário vem enfrentando problemas financeiros e com a Justiça. Nos últimos dias, o ex-jogador ficou detido 22 horas numa sala da 16 DP, na Barra da Tijuca, por débitos na pensão alimentícia dos filhos Moniquinha e Romarinho. Ele teve que pagar R$ 89 mil para ser liberado. De lá, ele foi direto para uma audiência com a ex-mulher Mônica Santoro.

Mas os problemas do Baixinho vão além. Ele conviveria com cobranças devido à participação como avalista no "contêiner", aplicação financeira em forma de pirâmide. O negócio seria a liberação de um contêiner com mercadorias, até então retido no porto. O investidor, sem quantia estipulada, obteria retorno de 30% ao mês sobre o valor inicial. Mas a pirâmide quebrou e lesou inúmeras pessoas. O idealizador do negócio seria um homem chamado Jorge Alexandre. Até uma morte teria sido provocada por causa dos prejuízos. Glauber Nascimento morreu, em janeiro, após cobrar Jorge Alexandre num posto de gasolina na Barra da Tijuca. A polícia diz que Alexandre, como é conhecido, é o principal suspeito.Além disso, Romário verá seu apartamento no Golden Green ir à leilão por causa de uma briga judicial com o vizinho. O ex-jogador tem ainda dívidas de IPTU e IPVA.

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