A Polícia Civil do Rio de Janeiro decidiu suspender das funções do policial Ricardo Herter, piloto de helicóptero da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), por 50 dias, após se envolver em uma discussão com o presidente da Assembleia Legislativa do estado (Alerj), o deputado Rodrigo Bacellar (PL), no ano passado.
A confusão aconteceu em novembro de 2022, quando o secretário de Governo do RJ e agora presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar e sua família pousaram com um helicóptero em um local que pertence ao Estado e não pode ser utilizado por veículos particulares. Eles estavam voltando de uma viagem.
No dia, o policial civil Ricardo Herter passava pelo local e quase foi atropelado pelo táxi que buscou Bacelar e a família. O agente não reconheceu o deputado e os dois discutiram após o incidente.
Em primeira instância, Ricardo Herter foi colocado em um departamento burocrático da polícia. Com a nova decisão, ele está impedido de trabalhar na instituição por 50 dias e responde internamente a um processo disciplinar.
INVESTIGAÇÃO DE EMPRESA DONO DO HELICÓPTERO
No dia da briga, o deputado Bacellar usava um helicóptero de luxo que pertence a Marcos Zoboli, dono da Zocar Rio Caminhões, empresa esta que já foi investigada por lavagem de dinheiro e organização criminosa. O táxi, onde estava o deputado com sua família, transitava em uma área proibida.
De acordo com o Código de Conduta da Alta Administração Estadual, publicado em 2011, “é vedado ao agente público receber transporte, hospedagem ou quaisquer favores de particulares de forma a permitir situação que possa gerar dúvidas sobre a probidade ou honra”. O descumprimento da regra é passível de punições, “inobservância das normas” acarretará para o agente público, sem prejuízo de outras sanções legais, a qual ficará a cargo da Comissão de Ética Pública da Governadoria do Estado.
ENVOLVIDOS
Em nota, o deputado Rodrigo Bacellar disse que é amigo de Marcos Zoboli há 15 anos. Segundo ele, às vezes pega carona no helicóptero do empresário para ir a Campos dos Goytacazes. Bacellar disse ainda que a carona não é ilegal, já que não tem qualquer relação com a atividade empresarial de Marcos Zoboli. O deputado ainda menciona que "não teve qualquer tipo de interferência no curso do processo (...) todo o andamento seguiu o rito normal, tanto na corregedoria da Polícia Civil, como também na Justiça. Inclusive, as partes foram ouvidas e provas apresentadas. Tudo devidamente fundamentado".
Já o empresário Cristiano Tinoco, dono da Visão Empreendimentos, disse que alugou o apartamento de Copacabana para o irmão de Rodrigo Bacellar. A Polícia Civil não informou porque transferiu o piloto da corporação.