Testemunhas da morte do policial militar Geraldo Alves da Cruz afirmaram que os policiais civis suspeitos de efetuar os disparos contra a vítima não se identificaram durante a abordagem. O PM de 46 anos foi morto a tiros na noite de segunda-feira (3), no Grajaú, Zona Sul da capital, depois de reagir a uma aproximação dos investigadores enquanto conversava com um grupo de amigos.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), Geraldo foi abordado na Rua Jequirituba, por volta das 21h15 de segunda-feira, por dois policiais civis do Departamento de Investigações Criminais (Deic). Os investigadores estavam em um carro com um terceiro policial, que ficou no veículo. Os três estariam no bairro para investigar uma denúncia de roubo de um caminhão.
Uma testemunha relatou que os policiais abordaram Geraldo e os amigos sem se identificar. Dois homens do grupo teriam saído correndo. Em seguida, os policiais civis deram tiros para o alto e o PM reagiu. Ele foi perseguido e, durante o tiroteio, correu para uma viela para tentar se esconder. O local, porém, estava trancado e o policial militar acabou sendo morto pelos investigadores. Uma das 34 cápsulas apreendidas pela polícia na região foi encontrada nesta viela.
?O Cruz não se identificou porque achava que poderiam ser ladrões?, afirmou uma testemunha, que preferiu não se identificar. ?Se eles [policiais civis] tivessem chegado e se identificado, ou então estivessem com alguma luz acesa dentro do carro, isso jamais teria acontecido?, diz outra testemunha.
Um policial que também pediu para não ter o nome divulgado disse que os investigadores não agiram de maneira correta durante a abordagem. ?Na atual conjuntura, como estamos aqui sofrendo ataques, vem alguém com um veículo que não está com o emblema da Polícia Civil, que não tem uma identificação, e como fica a polícia? Ele vai saber se é ataque ou se é aborgagem? É complicado?, disse.
O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e pelas corregedorias das polícias Militar e Civil. Os policiais civis suspeitos vão responder a inquérito, mas não estão presos.
De acordo com o 27º Batalhão de Polícia Militar (BPM), o policial militar tinha 19 anos de corporação e prestava serviços na Força Tática do 50º BPM. Geraldo Alves da Cruz será enterrado na tarde desta terça-feira (4) no Cemitério Parque dos Girassóis, em Parelheiros.