O cabo Fábio de Oliveira, um dos quatro policiais militares envolvidos na morte de duas pessoas no conjunto de favelas Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte (MG), foi encontrado morto nesta sexta-feira (25) em uma das celas do 1º Batalhão da PM, no bairro de Santa Efigênia, na zona leste da capital mineira.
O auxiliar de enfermagem Renilson Veriano da Silva, de 39 anos, e seu sobrinho, de 17, foram mortos na madrugada do último sábado (19), durante uma ação da PM no Aglomerado da Serra. Os policiais militares alegaram que eles estavam com um grupo de cerca de 20 pessoas, parte delas fardada, que teria recebido a força de segurança a tiros. Todos os outros suspeitos teriam fugido.
Moradores da comunidade, porém, afirmam que a versão é uma farsa e que a dupla não tinha envolvimento com crimes. No dia seguinte às mortes, manifestantes queimaram carros e atiraram pedras contra a polícia, que tentava entrar na favela.
Os quatro policiais envolvidos nas mortes foram presos na terça-feira. A PM instaurou um inquérito para apurar o caso, que também é investigado pela Polícia Civil.
No início da semana, a PM havia afastado os quatro policiais após protestos realizados por parentes e amigos das vítimas. Integrantes do Ministério Público Estadual, da Assembleia Legislativa e da Defensoria Pública de Minas foram à favela, a maior da capital, para ouvir testemunhas. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, deputado estadual Durval Ângelo (PT), chegou a dizer que pode haver um grupo de extermínio atuando na região.
Os policiais militares que participaram da ação alegaram que as duas vítimas estavam com um grupo de cerca de 20 pessoas, parte delas fardada, que teria recebido a polícia a tiros. Todos os outros suspeitos teriam fugido. Moradores da comunidade, porém, afirmam que a versão é uma farsa e que a dupla não tinha envolvimento com crimes.
Suicídio
No final desta manhã, o corpo do PM estava no IML (Instituto Médico Legal) de Belo Horizonte. O chefe de comunicação da Polícia Militar, tenente-coronel Alberto Luís Fábio, disse que o cabo se enforcou dentro da cela com o cordão do short. Ele foi encontrado às 7h30, quando o café da manhã era servido. Fábio Oliveira e os outros policiais militares envolvidos nas mortes na Vila Marçola, no Aglomerado da Serra, foram presos na tarde de quarta-feira (23), depois de passarem por exames do IML.
Permanecem presos em outros batalhões os demais suspeitos: o soldado Jason Ferreira Paschoalino, no 36º Batalhão (Vespasiano), Jonas David Rosa, no 39º BPM (Contagem), e Adelmo de Paula Zucheratti, no 5º BPM (Gameleira, Região Oeste de BH).
Na quinta-feira, o laudo da necropsia realizado pela Polícia Civil apontou que Jefferson Coelho da Silva e Renilson Veriano da Silva foram atingidos por dois tiros no peito, disparados de uma arma de grosso calibre a curta distância.
Revoltado, o cunhado do cabo, Rogério Magno de Oliveira, falou com a imprensa e culpou o secretário de defesa social, Lafayette Andrada, pelo suicídio de Oliveira.
- Ele é um ignorante, tratou os militares como bandidos. Errados ou não, eles estavam trabalhando. Fábio foi execrado pelo governo.
Cabo
Segundo a Polícia Militar de MG, o cabo Fábio de Oliveira, de 45 anos, estava há 23 anos na PM. Ele deixa uma filha de 14 anos e um filho de 21 anos.