Por propina, PM's do Rio sequestravam traficantes

96 policiais militares são acusados de participação no esquema

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Os policiais militares envolvidos no esquema de propina em São Gonçalo, no Rio de Janeiro,  que desencadeou a Operação Calabar, realizada nesta quinta-feira (29), chegavam a sequestrar traficantes "maus pagadores".

De acordo com o delegado Fábio Barucke, responsável pela investigação, raptar os criminosos era uma forma de mostrar força e receber mais rápido o dinheiro da propina.

"Foi verificado que há registros de sequestros e quando faltava dinheiro era a forma de receber mais rápido e monstrar força, dando demonstração que eles não aceitavam inadimplência", afirmou.

Ainda segundo o delegado, o grupo de 96 PMs envolvidos no esquema não tem relação com a quadrilha que matou a juíza Patrícia Acioli, em agosto de 2011, em Niterói. O crime foi cometido por policiais de São Gonçalo, insatisfeitos com a atuação rigorosa da magistrada em diversos processos envolvendo PMs e mortes de suspeitos durante confronto.

Os policiais arrecadavam cerca de R$ 1 milhão por mês com o esquema e dividiam a área onde a propina era recolhida por Grupos de Ações Táticas, que eram batizados com apelidos como GAT Marreta, GAT Mochila ou Mochilão, GAT Sombrancelhudo, GAT Fantasma I, GAT Fantasma II e GAT “B” ou GAT do Peixe ou GAT do Harduim.

"Eles fechavam os olhos em troca do apoio financeiro que recebiam dos traficantes, principalmente das comunidades dominadas pelo Comando Vermelho", ressaltou o delegado.

Delação

O início do inquérito começou com a prisão de um traficante que decidiu delatar o esquema. Gravações telefônicas e imagens de vídeos com os policiais recebendo propina também foram incluídas no processo. Ele informou que recolhia R$ 120 mil por semana para a propina dos PMs, o que resulta em cerca de R$ 480 mil mensais.

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