Mesmo após matar os pais, Suzane von Richthofen briga com irmão Andréas por metade da herança. O patrimônio está avaliado em R$ 11 milhões. O processo de inventário corre desde 2002 e já tem 11 volumes. Todos os bens da família estão bloqueados pela justiça.
Além da casa, avaliada em R$ 2 milhões, a herança dos Richthofen tem outros nove imóveis, entre casas e terrenos. Além disso, há quatro carros, uma moto e cinco contas bancárias. E participação em duas empresas. Há também o conteúdo de um cofre lacrado sob os cuidados da Justiça.
A Prefeitura de São Paulo já recebeu reclamações sobre o estado de conservação da casa dos Richthofen. O local, principalmente a piscina, teria virado criadouro de mosquitos da dengue. Num pedido à Justiça para vender a casa, Andreas mencionou a situação na esperança de convencer o juiz, mas foi inútil.
Por lei, Andreas tem direito imediato à metade da herança. O problema está nos bens de divisão complicada, como os imóveis, e na dúvida sobre a outra metade, que seria de Suzane. Nelson Shikicina, presidente da Comissão de Direiro de Família da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), explica que um filho que mata os pais pode perder a herança, desde que seja condenado numa ação específica de declaração de indignidade. Neste caso, Andreas seria o único herdeiro. Suzane já foi condenada em primeira instância, mas recorreu da decisão.
?Esse recurso vai pro Tribunal de Justiça, pode demorar um tempo de dois ou três anos, é o que normalmente demora esse tipo de julgamento, e depois ainda há outras formas de recurso.
Andreas, hoje com 25 anos, nunca falou sobre o crime. Estuda química na Universidade de São Paulo e na última semana não frequentou as aulas. Ele se esforça para levar uma vida normal, longe das lembranças e das dúvidas que ainda envolvem a morte dos pais.
O crime aconteceu no começo da madrugada de 31 de outubro de 2002. Manfred e Marísia dormiam quando Suzane, o namorado dela, Daniel, e o irmão dele, Cristian Cravinhos, entraram na garagem no carro da jovem. A policia conta que Suzane foi até o quarto dos pais para conferir se eles estavam dormindo.
Autorizados por ela, Daniel e Cristian entraram em ação. Daniel se aproximou de Manfred. Cristian, de Marísia. Foram inúmeros os golpes na cabeça com barras de ferro. Os irmãos ainda usaram toalhas molhadas e sacos plásticos para sufocar o casal.
Durante o assassinato, Suzane esperou no andar de baixo da casa. A jovem revirou o escritório para simular um assalto. Antes de ir embora, o trio embolsou cinco mil dólares e R$ 8.000 guardados por Manfred.
Depois da morte dos pais, Suzane foi com Daniel para um motel. Às três da madrugada, a jovem deixa Daniel em casa e vai em busca do irmão Andreas numa lan house. Ela e o irmão caçula voltam à mansão. Ao se depararem com os pais mortos, Suzane acionou a polícia.
Na madrugada do dia 22 de julho de 2006, o Tribunal do Júri condenou Suzane e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos à prisão pelo assassinato do casal. Suzane, Daniel e Cristian foram condenados por duplo homicídio triplamente qualificado.
Eles estão presos na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. Os então namorados Suzane e Daniel tiveram uma pena de 39 anos e meio de prisão. Cristian foi condenado a 38 anos e meio.