O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse, na manhã desta segunda-feira (14), que o depoimento do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, pode ser uma "oportunidade importantíssima" para elucidar casos de corrupção envolvendo policiais civis e militare. Beltrame falou nesta manhã em entrevista ao Bom Dia Brasil, da TV Globo, e não descarta o oferecimento de alguma medida judicial para que Nem contribua com a Justiça e a polícia. O traficante é apontado como o chefe do tráfico na Rocinha e está preso desde o dia 1º de novembro em Bangu 1.
Rendição
O secretário disse também que a possibilidade de rendição de criminosos não deve ser descartada. ?Eu acho que a gente tem cuidar exatamente dessas relações. Nós não podemos desprezar a possibilidade de rendições. Mas, em contrapartida, nós não podemos ceder a dar condições, porque render-se é um ato voluntário. Então nós não podemos desprezar a possibilidade de uma pessoa como o Nem, na época, demonstrar isso?.
Para o secretário a Operação de Choque foi "um trabalho de inteligência e não de guerra" e a relação da sociedade com a polícia melhorou.
"Eu acho que a figura da secretaria e do secretário e também das instituições melhorou muito, mas ao longo do tempo, do passado, eu acho que a sociedade se afastou da polícia e a polícia se afastou da sociedade. Isso não foi em vão, até pelas ações que não tinham muito planejamento das polícias. Acho que essas instituições muitas vezes eram jogadas a ações de guerra, ao invés de serem feitas ações de prestação de serviços. Então, este é um paradigma que preciso ser cobrado. Eu acho que isso está sendo construído".
Movimentação na Rocinha
Nesta manhã, a movimentação na Rocinha é normal. No Largo do Boiadeiro, é grande o número de pessoas que saem de casa para trabalhar. Policiais permanecem no local, distribuídos pelos principais acessos à comunidade. As escolas seguem fechadas e só devem reabrir na quarta-feira (16).
O trabalho de revista dos moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, que foi interrompido durante a noite, foi retomado nesta manhã. A polícia também faz a varredura nessas comunidades, à procura de traficantes, drogas e armas. Segundo Beltrame, por se tratar de uma área muito grande, ainda há muitos pontos a serem vasculhados. Mesmo após a prisão de Nem, a polícia acredita que cerca de 200 criminosos ainda podem estar escondidos na Rocinha.