Imagens feitas pela câmera de segurança da sala de aula de uma creche municipal em Restinga, em São Paulo, mostram alunos de 3 e 4 anos sendo colocados dentro de um saco de lixo pela professora e pela estagiária. Os vídeos foram anexados ao inquérito da Polícia Civil, instaurado em outubro, para apurar as denúncias de maus-tratos feitas pelas mães das crianças.
Segundo o delegado Eduardo Bonfim, as imagens não deixam dúvida a respeito da má conduta das suspeitas, que agiriam desta forma para castigar alunos indisciplinados. A professora Silma Lopes e a estagiária, que é menor de idade, deverão prestar depoimento nos próximos dias.
De acordo com a Prefeitura de Restinga, a docente foi afastada das funções e um processo administrativo foi aberto para apurar o caso. Já a adolescente foi desligada do quadro da prefeitura após abandonar o posto de trabalho.
Procurado, o advogado da professora, Rui Engracia Garcia, negou as acusações e disse que só vai comentar as imagens após verificá-las.
Crianças colocadas em saco
De acordo com Bonfim, foi feita uma nova varredura, desta vez em datas anteriores, e a polícia localizou os vídeos em que as responsáveis pela turma aparecem maltratando as crianças, dando novo rumo à investigação.
Em um vídeo gravado no dia 14 de setembro, a estagiária e a professora aparecem colocando um menino dentro de um saco de lixo preto. Uma coloca o garoto em pé, em cima do saco, e o segura pelos braços, enquanto a outra tenta puxar e fechá-lo.
Num outro momento, uma criança deitada em um colchão parece se debater no interior do saco. Em uma das cenas, é possível ver a estagiária com a raquete e o saco nas mãos, numa forma de tentar intimidar os alunos.
Segundo o delegado, o comportamento natural das outras crianças, que observam tudo de perto ou que brincam pela sala, indica que o suposto castigo ocorria com frequência.
“A gente vê que isso era meio comum, porque as outras crianças tentam ajudar a estagiária a colocar o saco na cabeça da outra criança, o que demonstra, pelo menos pra mim, que isso era uma coisa usual dentro da sala de aula”, diz Bonfim.
O delegado investiga ainda a conduta de uma professora substituta, que testemunha o comportamento das colegas, mas não toma nenhuma atitude no intuito de proteger os alunos.