O promotor André Luis Garcia de Pinho foi preso na manhã deste domingo (4), acusado de assassinar sua esposa Lorenza Maria Silva Pinto. Ele foi detido no local do crime, que aconteceu na madrugada de sexta-feira (2), no bairro Buritis, na região Oeste de Belo Horizonte.
Os cinco filhos casal, de 2, 7, 10, 15 e 17 anos, estavam na residência quando os policiais chegaram acompanhados por dez atiradores de elite da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). O quarteirão foi bloqueado pelos policiais, com um carro em cada extremo da rua. O promotor não chegou a ser algemado.
O pai de Lorenza, Marco Aurélio Silva, 72, foi chamado para buscar os netos. Muito abalado, ele contou que ficou desconfiado assim que recebeu a notícia, na sexta-feira (2), por meio de mensagem de WhatsApp do celular da neta de 15 anos. “Ela me mandou mensagem por volta das 9h da manhã, avisando que a mãe tinha falecido. Mas eu achei estranho, não parecia ter sido escrito por uma adolescente que tinha acabado de perder a mãe. Acho que o pai dela pode ter pegado o celular e mandado”, relatou. Só por volta das 11h30 o promotor teria entrado em contato.
Quando foi avisado, Marco Aurélio estava em Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde mora. A primeira reação foi não acreditar. “Por várias vezes, eu recebi mensagens falando que ela estava internada, morta. Uma vez, mandaram até informações do funeral, depois falaram que o celular dela teria sido clonado. Mas quem clona celular, normalmente pede dinheiro. Por essas coisas, eu nem consegui acreditar assim que recebi a notícia”, relatou.
“Quando eu falei com o André, perguntei se ia fazer autópsia, mas ele disse que não tinha necessidade, pois já estava com o atestado de óbito em mãos, preparando a cremação que, segundo ele, seria um desejo dela. Muito estranho. A minha mulher, que tinha falado com ele, o achou tranquilo demais para quem perdeu a esposa”, afirmou Marco Aurélio.
Marco Aurélio saiu 12h30 de Uberaba e chegou por volta de 21h de sexta-feira em Belo Horizonte. No sábado, prestou depoimento por cerca de quatro horas. Após saber da morte da filha, ele teve dificuldades de falar com os netos. “O André sempre fez de tudo para manter a Lorenza isolada. Ele conseguiu afastá-la da irmã gêmea, univitelina. Comigo, tentou muito também. Ele também fazia de tudo para evitar que eu tivesse proximidade com meus netos”, contou.
POLÍCIA REVIRA COLCHÃO
Oficialmente, a PCMG não informou quais procedimentos realizou na casa de André e Lorenza e nem quais serão os próximos passos da investigação. Os policiais passaram pelo menos quatro horas no apartamento e levaram uma CPU e diversos papéis.
Da janela de um prédio defronte ao local, uma vizinha registrou a movimentação dentro da casa, em que a polícia parecia revirar até colchões.
Dez atiradores de elite acompanharam a equipe policial e passaram a maior parte do tempo do lado de fora. Segundo um deles, André não apresentou resistência quando os policiais entraram no apartamento. O homem saiu pela portaria sem algemas e entrou em um carro da PCMG rumo ao Instituto Médico Legal (IML).
NOTA DO MP
Em nota oficial divulgada neste domingo (4), o Ministério Público de Minas Gerais, por meio do Gabinete de Segurança e Inteligência (GSI) e do Centro de Apoio das Promotorias Criminais (Caocrim), e em conjunto com as polícias Civil e Militar, informou que foram realizadas diligências, na manhã deste domingo, dando seguimento às apurações relacionadas aos fatos ocorridos na sexta-feira (2), envolvendo a morte de Lorenza.
"Foram cumpridas decisões proferidas pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG). Em função da decretação de segredo de Justiça, no momento não serão fornecidos mais detalhes", completou a nota.
No comunicado, o MP lamentou a morte de Lorenza e disse se solidarizar com familiares e amigos dela. Nas redes sociais, o procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Junior, afirmou que o órgão e a Polícia Civil estão "adotando todas as providências necessárias ao esclarecimento desse triste fato".