Promotor: mãe revela que padrasto dava castigos frequentes a Joaquim

Declaração se baseia em depoimento de Natália Ponte na segunda-feira.

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A mãe do menino Joaquim Ponte Marques, a psicóloga Natália Ponte, confirmou pela primeira vez, em novo depoimento à polícia, que foi agredida pelo marido, o técnico de informática Guilherme Longo, por causa do ciúmes dele. O casal chegou a ficar separado por um mês no início deste ano. Natália revelou ainda que Longo considerava o enteado ?mimado? e o colocava de castigo com frequência. As declarações teriam sido feitas na segunda-feira (11), conforme explicou o promotor Marcus Túlio Nicolino, que acompanha as investigações da morte da criança.

Natália e Longo estão presos desde domingo (10), após o corpo de Joaquim ser encontrado no Rio Pardo, em Barretos (SP). Nesta terça-feira (12), a polícia apreendeu objetos pessoais do casal e roupas de Joaquim, que estavam na casa onde a família morava, em Ribeirão Preto (SP). A Justiça também concedeu a quebra do sigilo telefônico da mãe, do padrasto e de familiares próximos.

?Começamos a avançar e a definir o perfil do Guilherme, de uma pessoa agressiva, uma pessoa violenta. Inclusive, ela [Natália] acrescentou que o Guilherme colocava o Joaquim de castigo, dizendo que era um menino mimado, criado pelos avós. Então, é uma definição do caráter totalmente diferente daquilo que ela havia passado anteriormente?, afirmou o promotor.

Ainda de acordo com Nicolino, a mãe de Joaquim afirmou que o marido tinha ciúme do enteado e que o casal brigava muito nos últimos tempos, principalmente depois que Longo voltou a usar drogas ? o casal se conheceu em uma clínica, onde Natália trabalhava como psicóloga, quando o rapaz fazia tratamento contra dependência química.

?Ela disse claramente que o Guilherme sentia muito ciúme da criança, dizia que era um pedacinho do ex-marido que estava presente na vida do casal", afirmou Nicolino.

Ainda em depoimento, Natália teria confirmado que Longo a agrediu no início deste ano e, após o fato, o casal ficou separado por um mês. Ela então foi aconselhada pela família a voltar como marido porque estava grávida. Natália teria dito também que não denunciou Guilherme porque tinha medo.

?A gente encara isso tudo com certa reserva. Precisamos confrontar esse depoimento dela com outras provas. Se ela tivesse feito um boletim de ocorrência e comunicado esses fatos a outras pessoas, é claro que teria outro peso essas declarações?, concluiu o promotor.

Investigação

O padrasto prestaria o primeiro depoimento após a prisão, na tarde desta terça-feira, mas acabou não sendo ouvido até o fim do dia. O delegado Paulo Henrique Martins de Castro, que chefia as investigações, alegou que o encontro não será realizado na delegacia porque colocaria Guilherme em risco. Segundo Castro, as investigações agora dependem da apresentação de novos laudos e de depoimentos de profissionais ligados à área da saúde, pessoas ligadas à família, além de uma nova audiência com Guilherme, em data não confirmada.

O corpo da criança, desaparecida desde o dia 5 de novembro, foi encontrado no Rio Pardo no domingo e sepultado segunda-feira (11) em São Joaquim da Barra (SP), cidade da família da mãe. Longo e Natália foram proibidos judicialmente de acompanhar a cerimônia.

Em depoimento após a prisão, Natália Ponte afirmou à polícia que Longo teria tentado se matar no domingo (3), dois dias antes do desaparecimento do garoto, aplicando em si mesmo a insulina que era utilizada no tratamento do enteado, que sofria de diabetes.

Para o promotor de Justiça, Marcus Túlio Nicolino, a afirmação demonstra que Joaquim pode ter sido morto por superdosagem do medicamento no sangue. Isso porque Natália conta que o padrasto teria mentido quanto à dose que usou na tentativa de se matar. Primeiro, Longo contou ter aplicado duas unidades da substância em si mesmo. Entretanto, após a mãe entregar à polícia os medicamentos e o aparelho usado na aplicação, que estavam na casa da família, o marido teria contado outra versão, afirmando ?ter feito uma autoaplicação de 30 unidades de insulina.?

Natália também afirmou que estava sendo ameaçada de morte por Longo porque queria se separar dele, já que ele havia voltado a usar cocaína. O casal, segundo o promotor, brigava com frequência porque Longo tinha ciúmes de Joaquim. Durante uma dessas discussões, ele chegou a dizer que jogaria o filho do casal, um bebê de 4 meses, contra a parede.

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