Um dia após ver três policiais e um ex-policial serem presos acusados de matar seu filho, o dançarino e coreógrafo Carlinhos de Jesus se disse aliviado. Não só pela prisão dos possíveis assassinos do músico Carlos Eduardo Mendes de Jesus, mas também por ter provado que seu filho teve uma trajetória limpa.
? Queria mostrar que o Dudu não era bandido. Porque sei que uma morte com oito tiros levanta suspeitas. Mas eu conheço meu filho, sei quem eu criei, conhecia a índole dele. A educação dele não o induziu para essas coisas. Na época, teve gente insinuando isso ? lamentou.
Carlinhos lembrou que um dia procurou o titular da Delegacia de Homicídios e pediu para ser informado caso surgisse algo que denegrisse seu filho.
? Eu disse para não me esconderem nada, caso aparecesse durante a investigação. Aí ouvi como resposta que, com droga ou coisa errada, ele não estava envolvido.
O dançarino disse considerar a investigação concluída.
? Agora, a minha meta é o julgamento. As leis brasileiras são muito falhas. Eu vou batalhar para o julgamento. Não quero ser favorecido em nada, só quero justiça.
Nesta quarta-feira, em seu depoimento à Delegacia de Homicídios, o PM André Pedrosa dos Santos contou ter ajudado a socorrer Dudu até o carro que o levou para o hospital.
? Eu preferi ser poupado de muita coisa. Soube ontem por vocês que um dos caras que carregou o corpo está preso. Triste isso.
Miliciano entre os presos
Um dos presos nesta terça-feira, Marlon Soares Pereira, é descrito na denúncia como um ?miliciano?. No inquérito, testemunhas relataram a ligação de Marlon com a exploração de TV a cabo clandestina e com a milícia de Rio da Prata, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Em seu depoimento, Marlon negou envolvimento com o crime e disse trabalhar como taxista, desde que foi expulso da Polícia Militar, em 2006.
A expulsão foi por indisciplina, mas, em 2009, Marlon teve uma passagem por porte ilegal de arma. A promotoria descreve como uma ?disputa amorosa? o que o ex-policial teve com o músico Dudu.
?(...) impulsionado por revanche decorrente de disputa amorosa, aderiu ao propósito criminoso que lhe foi apresentado pelo 1 denunciado (Miguel Ângelo) e objetivando eliminar a vítima, utilizou-se do conhecimento e poder que exerce na região, passando a estimular, orientar e ditar aos demais denunciados os atos empregados na empreitada criminosa que ceifou a vida da vítima?.
Em sua decisão, o juiz Fábio Uchôa, da 1ª Vara Criminal da capital, lembrou que Marlon faz parte de uma milícia, ao justificar o pedido de prisão preventiva, por ser de ?intensa periculosidade?.
?É inaceitável que policiais militares se promiscuam com criminosos?, escreveu.