Dois empresários de Balneário Camboriú do ramo de apostas esportivas acabaram presos nesta terça-feira (8) após protagonizarem uma história digna de filme de ação. Eles são apontados pela polícia como responsáveis por sequestrar o estelionatário que lhes aplicou um golpe milionário. Até mesmo o local de cativeiro da suposta vítima surpreende. Era uma cobertura de luxo alugada por R$ 10 mil no Centro da cidade. As informações são do NSC Total.
A história começou a se desenrolar no fim do mês passado quando a família do golpista procurou a polícia relatando dificuldades para contatá-lo e que, sem explicação, no dia 31 de maio, ele enviou um endereço através de mensagem no celular. Percebendo que poderia se tratar de um sequestro, a polícia foi ao local indicado. Um apartamento na Rua 2.550.
Lá encontraram o homem de 22 anos em um quarto sem acesso às chaves do imóvel para poder sair e também sem celular. Quem abriu a porta para receber o zelador foi um segurança, apontado pela polícia como responsável por cuidar do cativeiro. Ao questionar a suposta vítima sobre os motivos do sequestro, o caso veio à tona.
O golpe que levou ao sequestro
O delegado Ícaro Malveira conta que os empresários e sócios, de 35 e 41 anos, contrataram o golpista trader esportivo, para fazer apostas em sites. A dupla começou fazendo investimentos na ordem de R$ 40 mil em criptomoedas e, conforme viu os rendimentos, decidiu aumentar o capital, chegando a apostas de aproximadamente R$ 400 mil. Com mais dinheiro entrando, decidiram fazer até um empréstimo e foi aí que o problema começou.
— Eles chegaram a investiram aproximadamente R$ 2 milhões em criptomoedas. No início teve retorno financeiro, o que fez com que se empolgassem com as apostas e investissem cada vez mais. Chegou ao ponto de um deles pegar um empréstimo de seis Bitcoins, o que equivale a cerca de R$ 1,1 milhão. Esse empréstimo foi feito lá no Canadá e transferido direto para a conta do estelionatário e ele simplesmente sumiu com essas moedas. Não comprovou que fez as apostas, falou que iria devolver, mas sempre inventava mentiras e não devolvia — detalha o delegado.
Com o objetivo de reaver o prejuízo veio o sequestro e a extorsão. Segundo o golpista, ele foi levado para o cativeiro no dia 29 de maio e só tinha acesso aos telefones quando fazia contato com a família para pedir dinheiro e devolver aos empresários. Durante os três dias de sequestro, o irmão do estelionatário fez cinco transferências, totalizando cerca de R$ 50 mil, para a conta dos empresários. Num momento de descuido do segurança que ele conseguiu avisar a família sobre o endereço em que estava.
O dinheiro sumiu
De acordo com a polícia, não há indicativos de que o golpista aplicou os Bitcoin em novas apostas e como se trata de moeda digital, é difícil localizar o paradeiro do valor. A suspeita é de que parte dessa quantia seria usada na compra de Porsche Macan, avaliado em quase meio milhão de reais, que o estelionatário estava negociando a compra.
O segurança, de 37 anos, foi preso no dia em que descobriram o cativeiro. Os empresários tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça na terça-feira (1º), mas estavam foragidos. Nesta semana se apresentaram à polícia, confirmaram o golpe, mas negam o sequestro. Eles vão responder por extorsão mediante sequestro, considerado crime hediondo, e estão no Presídio de Itajaí.
O estelionatário será indicado por estelionato. Segundo o delegado, o homem já cometeu o mesmo crime em São Paulo, cidade de origem dele. O inquérito do caso deve ser concluído em 30 dias. As apostas on-line que os homens praticavam não são consideradas crimes.