O homem em situação de rua que foi espancado por um personal trainer na última quarta-feira (9) no Jardim Roriz, em Planaltina (DF), disse, em depoimento à Polícia Civil, que foi convidado pela mulher do profissional de educação física para "brincar" e que ela o convenceu a entrar no carro onde ambos foram flagrados. A agressão está sendo investigada pela 16ª DP como "legítima defesa de terceiros", considerando que a ação teria sido motivada por uma suspeita de estupro.
Givaldo Alves de Souza, 48, foi vítima de socos e chutes desferidos Eduardo Alves, 31. O sem-teto, machucado, foi levado para o Hospital Regional de Planaltina e posteriormente ouvido pela Polícia Civil. O homem recebeu alta após tratar os ferimentos.
Em depoimento, Souza relatou que, nos últimos dias, estava dormindo nas proximidades do Centro de Ensino Fundamental 02 de Planaltina, região administrativa que fica a 42 km do centro de Brasília. No dia 9 de março, segundo o homem, a mulher teria parado o veículo nas proximidades da escola por volta de 21h30. Segundo ele, ela o teria chamado e convidado: "vamos brincar?". Ele disse que foi convencido e entrou no carro.
Givaldo disse que, enquanto ele estava nu com a mulher, o carro teria sido invadido como "um homem bravo", que teria começado uma briga. Ele acrescentou ainda que conheceu a esposa do personal trainer no dia do ocorrido e que não sabia que ela era casada. Ele negou que houve estupro.
Mulher buscava missão espiritual e foi encontrada "em choque"
Um sargento da Polícia Militar que acompanhou o ocorrido disse, em depoimento à Polícia Civil, que, ao chegar ao endereço do fato, encontrou dois homens machucados, brigando, e uma mulher em aparente estado de choque. Os envolvidos, segundo o policial, apresentavam informações desencontradas e foram conduzidos ao Hospital Regional de Planaltina por uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar de DF.
Um pastor, contatado pelo personal trainer, foi encontrar os envolvidos na unidade de saúde e também prestou depoimento à polícia. Ele contou que realiza trabalhos sociais e que há aproximadamente quatro dias conheceu a mulher, que ele descreve como "aparentemente apresentando problemas psicológicos". Segundo ele, ela queria ajudar na obra de Deus e manifestou interesse em auxiliar pessoas em situação de rua. O religioso também relatou a conversa que ele teve com a mulher no hospital.
"De forma confusa, ela disse que havia recebido uma mensagem de Deus e se dirigido ao local onde se encontrava um morador de rua, a qual ela já havia doado uma cesta básica. Ela também disse havia tido relações sexuais de maneira consensual", afirmou em depoimento.
Fé e pressão do passado
O personal trainer chegou a relatar que a esposa apresentava problemas psicológicos em virtude de ter sido vítima de violência doméstica em um relacionamento anterior. Em depoimento, ele disse que a esposa saiu no dia 9 com a sogra e em um determinado momento, após ajudar um morador de rua em Planaltina, as mulheres haviam se separado. Contou ainda que tentou contato com a companheira por quatro horas. Porém, o aparelho celular dela, estava desligado.
"Eduardo informou que, como estava temendo que algo grave estivesse acontecendo com a esposa, decidiu colocar os joelhos no chão e pedir um direcionamento a Deus, momento em que visualizou a escola e para lá se dirigiu. Disse ao avistar o carro estacionado, imediatamente se aproximou, momento em que os viu nus e tendo relações sexuais", informa o documento.
Aos policiais, o personal disse agrediu o morador de rua por acreditar que a mulher estava sendo estuprada. Depois, ele ligou para o pastor da igreja que o casal frequenta para pedir ajuda.