O delegado Deoclécio Filho informou nesta segunda-feira (6) que identificou o quarto jovem suspeito de agredir o estudante Vítor Suarez Cunha, de 21 anos. A vítima foi espancada ao defender um mendigo na Ilha do Governador na madrugada de quinta-feira (2). Segundo Deoclécio, titular da 37ª DP (Ilha do Governador), onde o caso é investigado, dois suspeitos já estão presos desde o sábado (4) e um jovem de 18 anos, que foi identificado e estava desaparecido, se apresentou na delegacia nesta manhã. Segundo a polícia, ele teve a prisão temporária decretada. O quarto jovem identificado ainda é procurado.
Segundo testemunhas, um quinto suspeito teria participado das agressões, mas a polícia ainda investiga esta informação.
Múltiplas fraturas na face
Vítor, que teve múltiplas fraturas na face, deve ter alta na terça-feira (7). A informação foi confirmada pelo cirurgião especialista em traumatologia bucomaxilofacial Leonardo Peral, que operou Vítor.
Segundo Leonardo, a vítima ainda está internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI), mas deve ser transferida para o quarto assim que houver vaga no Hospital Santa Maria Madalena, na Ilha do Governador, onde está internado. ?Ele deu muita sorte de não ter tido nenhum dano neurológico, a face absorveu todo o trauma. A previsão de alta é amanhã?, disse Leonardo.
No sábado (4), Vítor foi submetido a uma cirurgia onde foram colocadas oito placas de titânio, 63 parafusos e três membranas protetoras, além de enxerto ósseo. Leonardo afirmou que Vítor sente dor nos braços, mas não teve nenhuma fratura.
A mãe do rapaz reagiu com serenidade ao saber da prisão. "Com a prisão deles está sendo feita justiça. Ainda falta um. Eles devem responder pelo que fizeram. Espero justiça", afirmou a assistente social Regina Suarez, mãe do estudante.
Segundo Regina de Vítor, o rapaz está reagindo bem ao que aconteceu, "na medida do possível". "Vítor está me surpreendendo, ele está tranquilo e tenta tranquilizar a gente também. Ele não pensa em vingança, só justiça. Tudo está se encaminhando bem", contou. "Outras pessoas foram espancadas por esse grupo. A gente sente pelas famílias, mas foi o Vítor que ficou marcado".
Outro jovem diz ter sido agredido por grupo
Tadeu Assad Ferreira é acusado pela principal testemunha do caso de ter começado a espancar Vítor. O estudante estava acompanhado do amigo, Kleber, que disse ter visto um grupo de cinco rapazes agredindo um mendigo.
Segundo o amigo, Vítor tentou defender o morador de rua e foi espancado com socos e pontapés. Kleber tentou ajudar o amigo, mas também foi agredido.
A mãe de Vítor ficou chocada com a covardia. ?Eu acho que minha dor está muito maior por conta de ele ter tentado defender um outro ser humano. Ele foi brutalmente violentado", disse ela.
No fim da tarde de sexta-feira (3), um outro jovem procurou a polícia e disse que já havia sido agredido por dois dos rapazes identificados: Tadeu Ferreira e Wiliam Freitas, que voltaram à delegacia para participar de uma acareação com a suposta vítima, antes de terem a prisão preventiva decretada.
Os policiais ainda procuram outras testemunhas e o mendigo.
20 chutes no rosto
O amigo do rapaz agredido se disse chocado com a violência do grupo. E afirmou ainda que se sentia culpado porque, segundo disse, foi ele quem tomou a iniciativa de ir falar com o grupo para que parasse de importunar o mendigo. Mas quem apanhou foi seu amigo, segundo contou.
"Foram extremamente violentos, foram chutes com muita vontade, ele já estava caído, imobilizado, e as pessoas continuavam chutando o rosto. O pior é que foi só o rosto. A quantidade de chutes foi imensa, ele deve ter tomado uns 20 chutes, pelo menos, em cinco minutos, foi tudo rápido", disse ele.