A Polícia Civil do Maranhão prendeu nesta segunda-feira (11) Johnny Willer Rodrigues de Souza, que é mais um suspeito de participação na morte de duas adolescentes que foram obrigadas a cavar a cova onde foram enterradas em Timon, na região Leste do Maranhão.
De acordo com a Polícia Civil de Timon, as vítimas Joyce Ellen, 15 anos, e Maria Eduarda, 17 anos, foram torturadas, mortas e os corpos enterrados após serem sentenciadas de morte em um "tribunal do crime", realizado por uma facção criminosa.
Segundo a polícia, Johnny Willer é um dos líderes de organização criminosa e fugiu da penitenciária no mês de novembro de 2020, quando foi levado a uma consulta médica no Hospital Socorrão II, mas acabou escapando dos agentes que faziam a sua escolta.
Johnny já é condenado pelos crimes de tráfico de drogas e roubo, crimes estes pelos quais cumpria pena antes da fuga. Além disso, o preso também possui um mandado de prisão preventiva em aberto pelos crimes de integrar organização criminosa e pela suspeita de participação na morte de Joyce Ellen e Maria Eduarda.
Dez pessoas foram indiciadas pelas mortes das adolescentes. Antes, seis mulheres e uma travesti já tinham sido presas por participação nos crimes. Antônio de Deus Pereira, líder de uma organização no Piauí, ainda segue foragido.
Requintes de crueldade
O delegado Antônio Valente, da Delegacia de Homicídios de Timon, afirmou que as investigações chegaram à conclusão de que o crime contra Joyce Ellen e Maria Eduarda foi praticado com requintes de crueldade.
"Uma das vítimas pediu para morrer de tiro ou que a enterrassem viva, mas que parassem de bater nela. Os laudos cadavéricos apontaram que as adolescentes foram mortas com golpes de faca, taco, pá e picareta. Uma delas enterrada ainda viva", contou o delegado.
Segundo Antônio Valente, as vítimas não eram integrantes de facção criminosa. No entanto, três das envolvidas no crime conheciam a adolescente Maria Eduarda, do bairro Vila da Paz.
"A Joyce residia na área da organização rival e postava fotos fazendo menção apenas por brincadeira. Já Maria Eduarda morava na área da organização que a matou, fazia fotos com o símbolo da referida facção sem ao menos participar e foi executada", explicou.
Prisões
A primeira suspeita foi presa no dia 23 de abril, na cidade de Carlos Barbosa, no Rio Grande do Sul. Segundo a investigação da Polícia Civil de Timon, ela seria a pessoa responsável pela manutenção da “disciplina” das mulheres que são membros de uma facção criminosa. Na casa dela, que fica próximo ao local onde as garotas foram mortas, a polícia encontrou roupas das vítimas.
Outras duas jovens foram presas no dia 24 de junho em Teresina, suspeitas de participação no duplo homicídio. No dia 28 de junho, uma quarta mulher foi presa suspeita de envolvimento nos crimes. Com ela, os policiais civis apreenderam 44 pedras de crack e foi autuada em flagrante em Teresina. Já no dia 13 de julho, outra envolvida no crime foi presa na cidade de Uruçuí, Sul do Piauí.
No dia 19 de julho, uma sexta suspeita foi presa na cidade de Marabá, no Pará. A ação foi coordenada pela Delegacia de Homicídios de Timon, com participação da Polícia Civil do Pará, além do Departamento de Combate ao Crime Tecnológico.
A travesti Wiliane de Sousa Teófilo, de 21 anos, foi presa no dia 22 de julho, em um povoado na zona rural de Teresina. Após a prisão, ela confessou que teve participação ao levar as vítimas para o local onde foram mortas, mas afirmou que não sabia o que aconteceria com elas. A travesti contou que os responsáveis pelos crimes foram de uma organização criminosa.
Tribunal do crime
Segundo a investigação da Polícia Civil de Timon, as duas vítimas não eram membros da facção, mas se relacionavam com pessoas que eram.
O “crime” das duas teria sido morar em locais dominados por facções rivais e serem amigas. Além disso, as duas teriam gravado vídeos fazendo com as mãos os símbolos das duas facções.
Por conta disso, no final de março as duas adolescentes, que moravam em Teresina, foram atraídas para a cidade de Timon, onde foram “julgadas” pelos membros de uma das facções.
Como “pena”, elas tiveram de cavar as próprias covas, foram espancadas com golpes de faca, pauladas, e assassinadas. O crime foi filmado pelos próprios criminosos.