Técnico contratado pelo PCS Saleme suspeito de ter liberado órgãos é preso

Biólogo foi detido pela Polícia Civil ao desembarcar de um voo vindo de João Pessoa, na Paraíba.

Biólogo foi preso ao desembarcar no Galeão | Marcelo Gomes / Globo
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O biólogo Cleber de Oliveira dos Santos foi preso nesta quarta (16), no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão). Ele é um dos investigados pelos erros nos exames que resultaram na infecção por HIV de seis pacientes transplantados. Cleber era técnico de laboratório do PCS Lab Saleme e estava foragido desde segunda-feira (14) e foi detido pela Polícia Civil ao desembarcar de um voo vindo de João Pessoa, na Paraíba.

O que aconteceu

Cleber é suspeito de ter liberado órgãos de um dos dois doadores com HIV que acabaram contaminando os receptores. Ele era responsável pela análise clínica do material enviado pela Central Estadual de Transplantes ao laboratório, que havia sido contratado para realizar esses testes. Outras três pessoas envolvidas no caso já haviam sido presas anteriormente.

Registro cancelado

Segundo o advogado de Cleber, ele estava de férias no Nordeste quando a operação policial foi deflagrada, o que explica o fato de não ter sido encontrado imediatamente. Ele também afirmou que seu cliente não estava se escondendo, mas demorou para se apresentar à polícia. Na terça-feira (15), o Conselho Regional de Biologia (CRBio-02) informou que o registro de Cleber foi cancelado, sem especificar se isso ocorreu antes ou depois do incidente.

Técnica se entregou

Além de Cleber, Jacqueline Iris Bacellar de Assis, técnica de laboratório cuja assinatura aparece em um dos laudos de órgãos infectados, também se entregou à polícia no mesmo dia. Todos os envolvidos são investigados por crimes contra as relações de consumo, associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documentos e infração sanitária.

Laboratório

As investigações apontam que houve uma falha grave no controle de qualidade dos testes de HIV realizados pelo PCS Lab Saleme, contratado pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) em um pregão eletrônico de R$ 11 milhões. A unidade deveria realizar testes diários para verificar a eficácia dos reagentes usados nas análises, mas, segundo a polícia, a frequência foi reduzida para semanal por ordens internas, aumentando o risco de erro.

Incidente é inédito

Em coletiva, o secretário estadual da Polícia Civil, Felipe Curi, declarou que a redução nos controles foi feita com o intuito de obter lucro, afrouxando os padrões de segurança na realização dos testes de HIV nos órgãos para transplantes. O incidente é inédito no serviço de transplantes do estado e causou grande repercussão.

O que diz a defesa

Os advogados do PCS Lab Saleme afirmaram que os sócios da empresa irão cooperar com a Justiça, fornecendo todos os esclarecimentos necessários. A polícia ainda investiga se a redução nos controles realmente gerou lucro e se houve outras irregularidades na conduta do laboratório.

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