Subiu para 17 o n?mero de mortos na ?guerra? de traficantes que se desenrola, h? meses, na comunidade do Conjunto S?o Miguel, em Messejana. Na manh? de ontem, um rapaz morreu e outros dois homens ficaram feridos, no terceiro tiroteio desde domingo. Foi a segunda morte em 72 horas. O pano de fundo ? a disputa entre gangues pelo controle do tr?fico de drogas na comunidade. Moradores da ?rea dizem que est?o sitiados e temem pelo assassinato de pessoas inocentes a cada novo confronto.
Depois da morte de um adolescente, no ?ltimo domingo (21); e tiroteios entre bandidos e PMs na ter?a-feira (23), o clima era de aparente tranq?ilidade, na manh? de ontem, quando, por volta das 10h30, tr?s homens, que trafegavam num ve?culo Astra preto, chegaram no cruzamento da Avenida Isabel Alencar com a Rua Oz?lia Pontes. Um deles desceu do carro e fez v?rios disparos.
O jovem Ant?nio Nielsen Silva, o ?Niel?, 25, usu?rio de drogas, foi atingido no peito e nas n?degas. Ele ainda tentou escapar, mais tombou sem vida. J? Marcos C?sar da Silva Tavares, 26, que estava na companhia de ?Niel? e foi apontado por policiais como traficante e usu?rio de drogas, sofreu um tiro no abdome e foi socorrido para o Instituto Doutor Jos? Frota (IJF-Centro). O ciclista Geraldo Ferreira Barbosa, 46, foi a outra v?tima da seq??ncia de balas no meio da rua. Ele foi atingido com um tiro na perna esquerda ao passar na Avenida Isabel M. de Alencar no exato momento em que os dois jovens eram alvejados. O ciclista tamb?m foi socorrido para o IJF-Centro. De acordo com param?dicos que realizaram os primeiros socorros, Geraldo Ferreira e Marcos C?sar n?o correm risco de morte.
Policiais da For?a T?tica de Apoio (FTA) da 2? e 4? Companhias do 5? BPM (Messejana e Salinas), com o apoio de homens do Grupo Raio e do Ronda do Quarteir?o, realizaram um cerco pela ?rea, mas o atirador e os dois comparsas n?o foram localizados. O comandante da 2? Cia. do 5? BPM, major George Ben?cio, pediu o apoio da comunidade, mesmo de forma an?nima, para a identifica??o e captura dos respons?veis pelo tiroteio.
Desespero
A m?e do jovem assassinado, Maria de F?tima da Silva, 52, entrou em desespero ao ver o filho morto e jogou-se sobre o corpo dele, abra?ando-o com for?a e gritando por justi?a. ?Fa?am alguma coisa por n?s, m?es do S?o Miguel. Estamos perdendo nossos filhos.? Niel era o ca?ula.
TENS?O PERMANENTE
Combate ao crime na ?rea virou um desafio
Com o assassinato de Ant?nio Nielsen Silva, j? s?o 17 as mortes registradas este ano no Conjunto S?o Miguel, em conseq??ncia dos confrontos armados entre traficantes de drogas da comunidade. A ?rea, repleta de ruas estreitas e becos, transformou-se num desafio para as autoridades da seguran?a p?blica.
Embates constantes entre gangueiros traficantes a qualquer hora do dia j? resultaram numa s?rie de homic?dios na comunidade, onde ? elevado o n?mero de pessoas desempregadas e de crian?as e jovens fora da escola. Assim, fica aberto o caminho para os traficantes recrutarem clientes de drogas e gangueiros. N?o por acaso, ocorre a permanente disputa entre os gangueiros traficantes pelo controle do ?territ?rio?.
Se n?o bastasse a circula??o f?cil de entorpecentes, armas de grosso calibre tamb?m s?o abundantes no Conjunto S?o Miguel. Diversas j? foram apreendidas pela Pol?cia em poder de bandidos. Contudo, as ?perdidas? s?o logo repostas pelas gangues.
Moradores se sentem sitiados, prisioneiros em suas casas. Sem dizer os nomes, por medo de repres?lias, afirmam que est?o perdendo o direito de ir e vir ou simplesmente ficar na cal?ada de casa at? tarde da noite. A qualquer hora pode ocorrer tiroteios entre os criminosos por mais espa?o para o tr?fico de drogas ali. Muitos sabem onde os bandidos escondem as armas, mas preferem calar. O sil?ncio gera a impunidade na comunidade.