Às vésperas de completar dois anos da inauguração da UPP da Chatuba, o faturamento do tráfico nessa favela ? e também no Parque Proletário e na Vila Cruzeiro, todas no Complexo da Penha ? chega a R$ 1 milhão por mês. O valor é metade do que era movimentado antes da ocupação policial. A informação consta num inquérito da 22ª DP (Penha), que investiga a atuação dos criminosos na região.
De acordo com o delegado assistente Carlos Eduardo Rangel, em janeiro, quando as diligências tiveram início, cerca de 200 homens ainda trabalhavam para o tráfico nas comunidades. De lá para cá, mais de cem foram presos em ações das polícias civil e militar. Antes das UPPs, eram pelo menos 500 a serviço da facção no local.
Segundo Rangel, atualmente metade dos bandidos está envolvida com atividades de venda de droga, como gerentes, olheiros e vapores ? esses últimos recebem cerca de R$ 500 por semana trabalhada. Cerca de 20% dos outros criminosos estão ligados aos ramos de mototaxistas e exploração de gatonet.
Aproximadamente 20% do restante estão ligados ao braço armado da quadrilha, que utiliza apenas pistolas no interior das favelas. Nos recentes ataques com fuzis, os armamentos pesados são trazidos e devolvidos, de carro, por uma trilha que liga a região ao Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, da mesma facção criminosa. E 10% são a parte contábil da quadrilha.
Outra diferença apontada pelas investigações são as disposições das bocas de fumo nas três favelas. Antes em lugares fixos, agora os traficantes atuam em bocas itinerantes, por causa das rondas feitas por policiais militares.
Anteontem, Fabiana Muniz Toledo Procópio, a mulher, e Fernanda de Paiva Silva, uma das amantes do ex-chefe do tráfico na área, Bruno Eduardo da Silva Procópio, o Piná, foram presas. Elas são apontadas como a chefe financeira da quadrilha e a responsável por fazer o translado de dinheiro e de informações ao traficante, preso há um mês pela Polícia Federal, em Búzios, na Região dos Lagos.