Tropa de Arão: Conheça os traficantes evangélicos que disputam áreas no Rio

A região é conhecida como “Complexo de Israel” pelo chefe da Tropa, uma referência à “terra prometida” para o “povo de Deus” na Bíblia.

Esse fenômeno é conhecido como "narcopentecostalismo", que se refere ao surgimento de traficantes que se declaram evangélicos. | Reprodução
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Os traficantes que controlam as favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro adotaram símbolos bíblicos como referência. A facção se autodenomina "Tropa de Arão" e a estrela de David é encontrada em muros, bandeiras e até em neon no topo de uma caixa d'água na comunidade Cidade Alta.  A região é conhecida como "Complexo de Israel" pelo chefe da Tropa, uma referência à "terra prometida" para o "povo de Deus" na Bíblia. 

A Tropa de Arão inicialmente controlava o tráfico em Parada de Lucas e agora domina as favelas de Cidade Alta, Pica-pau, Cinco Bocas e Vigário Geral, de acordo com a polícia e centros de pesquisa em segurança pública. Esse fenômeno é conhecido como "narcopentecostalismo", que se refere ao surgimento de traficantes que se declaram evangélicos e utilizam a religião como uma estratégia para manutenção do poder e na disputa por territórios. 

A religião também tem um papel estratégico para manutenção do poder e na disputa por territórios, segundo os pesquisadores. A comunidade evangélica tradicional não aceita a ideia de que um traficante possa ser evangélico. Os traficantes considerados parte do neopentecostalismo não só se declaram membros na religião, mas de fato têm uma vida religiosa, apontam pesquisadores.

Essa influência de religiões sobre as dinâmicas de poder do tráfico sempre existiu, dizem pesquisadores, e não é algo particular ao protestantismo. A conversão de traficantes ao pentecostalismo é um fenômeno que tem características próprias, em um país que caminha para ter maioria evangélica na próxima década. 

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de evangélicos no Brasil subiu 61% entre 2000 e 2010, e uma pesquisa de 2020 do instituto Datafolha apontou que 31% da população era evangélica naquela época, com católicos representando 50%. Segundo uma projeção do pesquisador José Eustáquio Diniz Alves, doutor em Demografia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), se o crescimento continuar no ritmo atual, os evangélicos chegarão a 40% da população em 2030.

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