Um consultor de vendas é suspeito de assediar uma cliente na Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo. O homem enviou mensagens como "peito lindo" e "bum bum delicioso". A estudante, que é menor de idade, reuniu as provas e registrou um boletim de ocorrência. A operadora disse que está averiguando o caso.
A vítima seguia a pé até a estação Chácara Klabin do Metrô, por volta das 11h50 de quinta-feira (8), quando foi abordada por um consultor de vendas. Ela se interessou pelo plano oferecido, mas estava com pressa, e apenas se cadastrou para receber mais informações.
“Inicialmente, ele foi muito profissional. Em nenhum momento me desrespeitou ou me assediou. Estava uniformizado, usava crachá, e por isso não vi nenhum problema em deixar meu telefone para entender os planos de telefonia e internet com calma, em outro momento”, contou a adolescente de 17 anos.
Uma hora mais tarde, entretanto, as mensagens do consultor de vendas começaram a chegar via Whatsapp. “Ele me mandou 'oi linda', elogiou e eu agradeci. Depois, esperei as propostas de planos, mas recebi aquelas mensagens nojentas e fiquei desacreditada”, disse a estudante do Ensino Médio.
As mensagens elogiavam o corpo da jovem e relatavam a excitação do homem, que usava linguagem de baixo calão. “Eu não estava acreditando. Em nenhum momento dei liberdade para que ele me dissesse aquelas coisas. Não tem cabimento nenhum.”
Ela repreendeu a atitude do vendedor, demonstrando sua indignação, informou que o denunciaria e o bloqueou no aplicativo de mensagens instantâneas. “Em seguida, escrevi um relato e postei no Facebook para conscientizar as pessoas sobre o que passamos, mostrar que feminismo não é 'mimimi'. É fundamental para acabar com esse tipo de atitude.”
Repercussão
O caso repercutiu rapidamente e os internautas reagiram ao caso, criticando o vendedor em sua página na rede social. “Então, ele começou a me ligar e mandar mensagens SMS pedindo desculpas. Depois chegou uma mensagem privada no Facebook de uma pessoa que se dizia mãe dele, pedindo que eu deletasse as mensagens do Whatsapp”, disse.
A estudante denunciou, levou os prints das mensagens ao 16º Distrito Policial, na Vila Clementino, e um boletim de ocorrência foi registrado como importunação ofensiva ao pudor, crime enquadrado no artigo 61 do Código Penal. Ela disse à reportagem que também pretende acionar um advogado.
“Acho importante repercutir casos como esse até o dia em que nenhuma mulher passe por isso. Machuca. A gente fica com medo e algumas pessoas culpam a vítima, perguntando se não fomos nós que saímos com uma roupa inadequada, por exemplo, quando mesmo que eu saísse de short não daria o direito de ser abordada daquela forma”, disse.
A empresa informa que está averiguando o fato relatado e tomará todas as medidas cabíveis. “É importante falar sobre isso e parar de fingir que não acontece. É uma cultura que exalta o homem garanhão e condena a mulher que tem comportamento parecido”, completou a jovem.