Um motorista de aplicativo foi agredido por uma passageira após recusar-se a entrar em um condomínio, em Salvador. O caso aconteceu na manhã do dia 26 de dezembro, mas ganhou destaque na última terça-feira (7), quando o motorista Luan Felipe de Araújo, de 33 anos, passou a relatar o ocorrido em entrevistas.
Luan contou que aceitou a corrida pela Uber no bairro do Canela, com destino à Rua Waldemar Falcão, no Horto Florestal, área nobre da capital baiana. Ao chegar ao destino, em frente a um condomínio, iniciou-se uma discussão com a passageira, identificada como Fedra Emanuela Aquino Barreto, que exigia que ele entrasse no local.
"Ela me pediu para entrar no condomínio de forma agressiva, sendo extremamente mal-educada, como se fosse uma obrigação minha", relatou o motorista.
Fedra Emanuela é médica clínica, registrada no Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb-BA) desde 1994, com especialização em gastroenterologia. O Cremeb-BA informou que a médica é responsável por seus atos civis nas instâncias competentes e lamentou o ocorrido, reforçando que o órgão julga desvios no exercício profissional, mas não em situações de vida pessoal.
Luan revelou que começou a gravar a interação ao perceber que a passageira estava exaltada e o insultando. No vídeo, ela aparece xingando, avançando até a frente do carro e agredindo o motorista.
"Eu nunca ouvi ninguém dizer isso para mim, nem Uber, nem táxi, ninguém!", disse a passageira em meio à discussão. Luan respondeu que não era necessário entrar no condomínio, justificando que já tinha outra corrida em espera. A mulher, então, começou a gritar:
"Eu não desço porque tenho medo, estou cheia de joias. Por favor, entre! O senhor vai entrar sim porque eu não vou ficar na rua." Em seguida, ela tentou tomar o volante e desferiu tapas no rosto e no braço do motorista, insistindo que ele deveria entrar.
Diante das agressões, Luan pediu que ela saísse do veículo. Ambos desembarcaram, e ele afirmou que tudo estava sendo gravado. Apesar da violência, o motorista manteve a calma. Ele relatou que trabalha como motorista de aplicativo há cerca de um ano e meio e nunca enfrentou situação semelhante.
"Depois do ocorrido, parei mais à frente, em uma farmácia, para me acalmar. A ficha só caiu depois. Fiquei sem trabalhar no dia 26 e só retornei no dia 28", disse Luan, que procurou um advogado, registrou a ocorrência na polícia e acionou o suporte da Uber. A plataforma se desculpou pelo ocorrido, removeu a avaliação negativa feita pela passageira e informou ao motorista que ela seria banida.
A médica foi intimada a prestar depoimento na Polícia Civil nesta quarta-feira (8), após o motorista depor na 6ª Delegacia Territorial (DT/Brotas).