Em uma tentativa de ligar terrorismo à presidente afastada Dilma Rousseff, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) publicou um vídeo sugerindo uma inclinação da petista a recorrer a atentados para não deixar o poder. Para chegar à conclusão de que o Brasil estaria prestes a sofrer um ataque terrorista (do PT), o deputado lista uma série de episódios políticos que evidenciariam a probabilidade.
1. 14 mil cubanos sem confirmação que sejam médicos estão no Brasil, com esposas e filhos reféns em Cuba
O Ministério da Saúde esclarece que são 11,4 mil médicos cubanos no Brasil e todos possuem comprovação para exercer a medicina, com diplomas reconhecidos.
2. Lula sugeriu às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que formassem partido político
É verdade, em 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que se as Farc quisessem chegar ao poder, "seria muito mais fácil" que criassem um partido político para disputar eleições de forma democrática, evitando a luta armada. Ou seja, a ideia do ex-presidente foi justamente combater a possibilidade de um atentado à Colômbia.
3. Serviço secreto paralelo do casal Kirchner teria assassinado o promotor argentino Alberto Nisman
Não há nenhuma comprovação de que o casal Kirchner tenha mandado assassinar o promotor Alberto Nisman nem relação desse homicídio com o Brasil. Nisman foi assassinado dias depois de acusar a então presidente Cristina Kirchner de acobertar terroristas iranianos.
4. Dilma toma decisões de Estado dentro do Palácio do Planalto ouvindo as inteligências cubana e venezuelana, segundo o livro Uma Ovelha Negra no Poder, sobre o ex-presidente do Uruguai José Mujica
De acordo com o livro, é verdade que a presidente Dilma usou informações do serviço de inteligência venezuelano e cubano, mas ela também usou do serviço brasileiro. Os autores não esclarecem qual tipo de dado foi apresentado, o que significa que as inteligências dos outros países poderiam ter o mesmo material da brasileira.
5. Lula defendeu que o Irã pudesse enriquecer urânio para construção da bomba atômica
Sim, em 2009, Lula, ao lado do então presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, reconheceu o direito dos iranianos de colocar seu plano nuclear em prática, mas para fins pacíficos. Lula deixou claro que é contra a proliferação do armamento nuclear. "O Brasil sonha com um Oriente Médio livre de armas nucleares, como ocorre na América Latina", disse à época.
6. Dilma disse que o mundo deveria negociar com ISIS
Um mal entendido, segundo a presidente afastada Dilma Rousseff, fez com que parecesse que ela estava defendendo diálogo com o Estado Islâmico, em uma entrevista após a abertura da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, em setembro de 2014. Logo em seguida, a presidente afastada reforçou seu posicionamento contra a organização:
"O que eu falei foi que temos a clareza de que não adianta achar que é possível resolver os problemas de lá através de mecanismos de invasão. Acredito até que as potências, em geral, acreditam nisso. (...) Não é possível que alguém acredite que depois da invasão ao Iraque, da guerra na Síria, na Líbia, e após Israel, que os conflitos são resolvidos por invasão aérea. Tem de ser muito ingênuo ou desconhecedor da História dos últimos quatro ou cinco anos”, disse.
7. Não há legislação na prevenção de ataques terroristas
Tem sim. Em março, Dilma sancionou a lei antiterrorismo. A lei define atos terroristas, estabelece pena de até 30 anos de reclusão. Quem ajudar uma organização terrorista também está sob o guarda-chuva da lei e pode ser penalizado com até 8 anos de prisão.