Com aval do Palácio do Planalto, foi desencadeada uma operação de socorro ao governador Agnelo Queiroz (PT-DF), alvo de denúncias de recebimento de propina quando foi ministro do Esporte (2003-2006) e diretor da Anvisa (2007-2010).
Sob fogo cerrado há mais de um mês, Agnelo retraiu-se no início da crise e foi aconselhado a cancelar a comemoração do aniversário na quarta-feira à noite. No entanto, animado com os primeiros resultados da blindagem, resolveu reagir. Em nível doméstico, o socorro lhe foi garantido pelos 14 partidos da base aliada, do PT, PC do B e PSB, aos PMDB, PTB e PP, além de nanicos como PHS, PRP e PSL.
No auge da crise, há duas semanas, nada menos que 19 dos 24 deputados distritais assinaram um manifesto de apoio irrestrito ao governador. O documento, intitulado "Em defesa do governo e da governabilidade", atribui as denúncias a uma tentativa de golpe da oposição. A tradução desse gesto é que não passa nada no Legislativo que crie embaraços ao governador.
Isso ficou claro na última quarta-feira, quando a Câmara Legislativa rejeitou cinco requerimentos pedindo instalação de CPI e abertura de processo de impeachment. Caíram por terra até requerimentos pedindo a mera convocação de acusadores para depor, entre os quais o lobista Daniel Tavares, que afirmou - e depois negou - ter pago propina a Agnelo durante cinco anos.
Nem mesmo o extrato de uma suposta propina de R$ 5 mil, depositada por Tavares na conta de Agnelo, convenceu o parlamento do DF a abrir investigação. "As denúncias partem de adversários que sucumbiram no submundo da política", justificou o deputado Wasny de Roure, líder do PT na Câmara Legislativa. "Cabe à Procuradoria-Geral da República investigar, não a nós", completou Cláudio Abrantes (PPS).