A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer o adiamento do depoimento do petista ao juiz Sérgio Moro, marcado para esta quarta-feira. Os advogados dele entraram nesta segunda-feira com um habeas corpus no Tribunal Regional Federal (TRF-4) pedindo a suspensão dos prazos do processo para que possam ter tempo de analisar documentos apresentados pela Petrobras à Justiça na última semana.
Também hoje, a defesa de Lula disse que vai recorrer da decisão de Moro de impedir que os advogados façam a gravação do depoimento com uma câmera móvel.
O advogado Cristiano Zanin Martins afirma ter solicitado documentos à Petrobras em outubro do ano passado. Com tamanho estimado pela defesa de Lula em 100 mil páginas, os documentos foram juntados ao processo entre 28 de abril e 2 de maio. A defesa já tinha solicitado mais prazo para o juiz Moro, que negou o pedido. Hoje, os advogados resolveram recorrer ao TRF-4.
“É materialmente impossível a defesa analisar toda essa documentação até o próximo dia 10, quando haverá o interrogatório do ex-Presidente e será aberto o prazo para requerimento de novas provas”, diz Zanin, em nota enviada à imprensa.
“Sequer a impressão foi concluída a despeito da contratação de uma gráfica para essa finalidade”.
Para o advogado, como a acusação já conhecia esses documentos, não há “paridade de armas”.Ainda segundo Zanin, ao negar o pedido da defesa, Moro causou “inequívoco prejuízo à defesa de Lula, pois a acusação faz referência a três contratos firmados entre a Petrobras e a OAS e ao processo de contratação que o antecedeu, mas somente algumas peças foram anexadas à denúncia após terem sido selecionadas pelo Ministério Público Federal.
”O interrogatório de Lula na 13ª Vara Criminal da Justiça Federal de Curitiba está marcado para o dia 10, às 14h. O ex-presidente será ouvido como réu em um processo em que é acusado de ter recebido um tríplex em um prédio no Guarujá, no litoral paulista, supostamente como presente da OAS em troca de três contratos que a empreiteira ganhou da Petrobras. Lula nega que tenha tido a posse do imóvel.
Os defensores de Lula argumentam que a gravação das audiência é um direito dos advogados, garantido pelo Código de Processo Civil. Segundo eles, ao negar o pedido, o juiz Moro cometeu uma “arbitrariedade”.