Aécio diz que se eleito levará inflação para centro da meta em 2 ou 3 anos

Ele previu 2015 “difícil” e defendeu política econômica “mais austera”

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Pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, prometeu governar o país com uma política econômica mais austera, caso seja eleito. Em entrevista, o senador disse prever um ano difícil para a economia brasileira em 2015 e defendeu uma política fiscal mais transparente e que leve a inflação para o centro da meta (4,5% ao ano) em dois ou três anos.

"O ajuste será feito, mas não será feito do dia para a noite. E o tamanho dele dependerá do tamanho do desmonte que o atual governo vem fazendo. Agora, é natural que uma chegada nossa no governo, nós tenhamos uma política fiscal muito mais austera que vem acontecendo hoje e principalmente mais transparente", disse o pré-candidato do PSDB.

Questionado sobre a inflação, respondeu: "Não conseguiremos em 2015. Esse é um projeto, temos discutido isso com nossa equipe econômica, para dois ou três anos. Agora, nós vamos focar no centro da meta, não no teto, como tem feito o atual governo".

Aécio criticou os atuais gastos do governo e repetiu a promessa de reduzir o número de ministérios e um "redesenho da máquina pública", caso seja eleito. Interpelado sobre como cortará custos sem prejudicar programas sociais, como o Bolsa Família, o pré-candidato disse que vai "qualificar" as ações na área, olhando resultados e tirando-as da "guerrilha eleitoral".

Questionado de como cortará custos, mantendo as despesas sociais e previdenciárias, Aécio respondeu: "Do crescimento da economia. Nós vamos fazer o país retomar o ciclo de crescimento, vamos qualificar os programas que efetivamente atendem a sociedade, aqueles que mais precisam, e é isso que vai nos permitir ter uma política austera. Ao longo do tempo, a partir do crescimento da economia, encaixar os gastos correntes do governo."

Ele também prometeu trabalhar por uma simplificação no pagamento de tributos e no médio prazo a diminuição "horizontal" da carga tributária.

Lula e FHC

Apesar de criticar a gestão petista, Aécio disse reconhecer virtudes no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O senador também afirmou que os programas sociais do PT foram inspirados nos do PSDB, quando Fernando Henrique Cardoso era presidente.

"Reconheço duas grandes virtudes no presidente Lula. A primeira foi a unificação dos programas de transferêcia de renda. [...] A outra grande virtude foi ter esquecido tudo que disse na campanha eleitoral em 2002 e ter mantido os pilares macroeconômicos, de meta de inflação, de câmbio flutuante, de superávit primário, intocados durante todo seu primeiro mandato e até a metade do segundo", afirmou.

Em outra parte da entrevista, Aécio foi questionado sobre o racionamento de energia em 2001, foco de duras críticas do PT sobre período FHC. Ao responder, o tucano voltou-se contra a atual gestão do setor elétrico: afirmou que mesmo sob um período de chuvas prolongadas, Dilma não estimulou investimentos.

Mensalão mineiro e cartel em SP

Sobre o escândalo do "mensalão mineiro", do PSDB, Aécio defendeu o ex-deputado Eduardo Azeredo, acusado de se beneficiar de um suposto esquema de desvios de contratos de publicidade do governo estadual para a campanha eleitoral de 1998.

"Ele não foi condenado ainda, acho isso uma diferença abissal. E vamos permitir que o Eduardo seja julgado. Se for responsabilizado, pode ter certeza, nós do PSDB não o transformaremos em herói nacional, como fez o PT", disse.

Já sobre a acusação de cartel na licitação do Metrô de São Paulo, administrados por governos do PSDB desde 1994, Aécio afirmou que as denúncias ainda precisam ser apuradas. Ele, no entanto, criticou a permanência no Tribunal de Contas do Estado de Robson Marinho, acusado de ter se enriquecido ilícitamente através do esquema.

"É preciso que seja comprovado. Isso nos incomoda, claro que nos incomoda [...] Não me agrada isso e acho até que [ele] já deveria estar fora do Tribunal de Contas", disse. Depois acrescentou que não há dúvida sobre a correção do atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

"Tivemos um longo período de estabilidade aonde não houve planejamento. Ao contrário, a presidente da República, de forma absolutamente populista, fez uma perversa intervenção no setor elétrico, que afugentou os investimentos", disse.

Liberdade de imprensa e manifestações

Perguntado sobre sua postura em relação à liberdade de imprensa, por ter mandado retirar conteúdo negativo a seu respeito da internet e conviver com poucas críticas nos jornais de Minas Gerais, Aécio Neves se defendeu dizendo que defende a democracia. Ele garantiu que o país terá liberdade "integral" de imprensa, caso seja eleito.

"O combate existe sim, mas a imprensa mineira não é a imprensa nacional. É diariamente que a crítica se dá. Eu sou filho da democracia e da liberdade. Não haverá no nosso governo, se vencermos as eleições, qualquer espaço para controle de mídia, venha com que nome vier", disse.

O senador pelo PSDB também afirmou que as manifestações populares, ocorridas desde junho de 2013, são legítimas e mostram insatisfação com o governo do PT. Ele defendeu as exigências dos protestos e disse que seu governo será generoso com as áreas da saúde e segurança.

"A manifestação que houve em junho foi absolutamente legítima", disse Aécio, comparando a reação das pessoas a uma tampa de panela de pressão que se abriu, em referência a insatisfação com saúde, educação e segurança, além da corrupção. "Resolveram dizer que aquele não era o Brasil que eles queriam. Infelizmente, o governo não entendeu nada disso". Em resposta, Aécio propôs uma política com "ética e eficiência, decência na vida pública e resultados".

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