O procurador de Justiça do MP-GO (Ministério Público de Goiás) e ex-senador Demóstenes Torres completa na próxima quarta-feira (1º) seis meses sem trabalhar. O procurador goiano foi afastado em outubro de 2012, enquanto o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) investiga o seu envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Apesar de estar há mais de 180 dias longe das suas funções, ele continua na folha de pagamento e já recebeu R$ 154.518 em salário neste período. O salário mensal dele é de R$ 25.750.
O tempo sem trabalhar deve se estender, já que o CNMP decidiu na última quarta-feira (24) que Demóstenes foi declarado membro vitalício do MP.
A Corregedoria do MP-GO determinou que Demóstenes ficasse longe das funções até que fosse concluído o processo que investiga a conduta dele.
O CNMP assumiu as investigações e apura as informações reveladas pela Operação Monte Carlo, da PF (Polícia Federal), para saber se ele violou os princípios funcionais do cargo de procurador da Justiça.
Inicialmente ele ficaria apenas três meses sem trabalhar. O período já foi prorrogado duas vezes e deve ir até o fim de maio, já que o plenário confirmou a decisão da conselheira Claudia Chagas.
Segundo Claudia, "a presença do requerido [Demóstenes] no Ministério Público de Goiás, exercendo as atribuições de Procurador de Justiça, é inconveniente ao serviço e pode vir a colocar em dúvida a credibilidade da instituição perante a sociedade".
Pelo regimento e legislação que fala sobre o trabalho dos procuradores, enquanto não sofrer uma sanção administrativa Demóstenes não deixará de receber salário. Todos os meses, ele recebe na conta R$ 25.753.
Ex-senador
No ano passado, Demóstenes teve o mandato cassado no Senado Federal por envolvimento com a quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Ele está inelegível até 2027.
Demóstenes foi acusado de quebra de decoro por ter trabalhado em prol de Cachoeira no Congresso Nacional.
Ele é suspeito de participar de um suposto esquema de exploração de jogos ilegais, como o jogo do bicho e máquinas caça-níqueis, que seria comandado pelo contraventor no Distrito Federal e em Goiás. A quadrilha foi desmontada pela Polícia Federal na operação Monte Carlo, e Cachoeira foi condenado a quase 40 anos.
Gravações feitas pela PF com o aval da Justiça revelaram a ligação entre o senador e o bicheiro e apontaram, inclusive, que Demóstenes recebia dinheiro de Cachoeira e atuava em favor de seus interesses no Senado.
O senador sempre negou as acusações. Disse que era amigo de Cachoeira e afirmou que, até a prisão do bicheiro, não sabia dos crimes que ele cometia.
Como era procurador da Justiça em Goiás, o ex-senador voltou para o cargo, mas logo que assumiu o posto começou a enfrentar um novo processo, no Ministério Público.