O setor do agronegócio, núcleo duro de apoio ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), encontra-se dividido em relação à gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Enquanto uma ala, representando os produtores rurais voltados para exportação, prefere manter distância do governo, outra parte levanta bandeira branca. Nesse segundo grupo, há um movimento de aproximação liderado por congressistas ligados ao segmento de bioenergia, incluindo usinas de etanol e biodiesel.
Essas agroindústrias estão interessadas na rápida aprovação do projeto de lei 528/2020, conhecido como Combustível do Futuro. O projeto, que já passou pela Câmara, estabelece um novo marco regulatório para os biocombustíveis, incluindo o aumento do percentual de mistura de etanol na gasolina e de biodiesel no óleo diesel.
Recentemente, políticos ligados à bioenergia participaram de um churrasco na Granja do Torto, promovido por Lula, buscando aproximação com representantes do governo. A ideia é unir forças para aprovar o projeto no Senado, sem alterações, contrapondo-se à articulação liderada pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
Prates defende a inclusão do diesel coprocessado com matéria-prima renovável no percentual de mistura de biodiesel. No entanto, o projeto em curso separa o mandato do diesel verde do biodiesel, limitando-o a 3%. Esse debate tem gerado tensões entre os setores de biocombustíveis e petróleo.
A articulação da Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio) ganhou destaque com um ato na Esplanada dos Ministérios, onde empresários levaram caminhões movidos 100% a biodiesel. O projeto prevê uma mistura de até 25%, mas enfrenta resistência do setor petrolífero.
Enquanto essa aproximação ocorre, a poderosa Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) mantém-se distante do governo. Liderada pelo deputado Pedro Lupion, a FPA não demonstra interesse em se aliar ao governo Lula, já que a parcela mais expressiva do agronegócio é voltada para exportações e depende pouco das ações governamentais.
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