Ajufe quer magistrado de carreira para assumir 'Lava Jato' no STF

Presidente da Ajufe diz que opinião pública precisará ficar atenta

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Com a morte do ministro Teori Zavascki, responsável pela condução da operação "lava jato" no Supremo Tribunal Federal, deu-se início a uma disputa em relação a quem o substituíra nessa tarefa. No sábado (21/1), durante o velório do ministro, o presidente Michel Temer disse que só indicará o substituto de Teori após a corte definir internamente quem será o novo relator da “Lava jato”. Portanto, agora a bola está nas mãos da ministra Cármen Lúcia, presidente da Corte.

Acompanhando de perto a escolha de um substituto para a relatoria da operação "Lava Jato", o presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Roberto Veloso, defende que o novo nomeado para cuidar do caso seja um magistrado de carreira, com o mesmo perfil do ministro Teori, que foi desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª região e ministro do Superior Tribunal de Justiça antes de chegar ao Supremo. "Se tivermos um magistrado com esse perfil e com essa experiência será o perfil ideal para tocar esse processo", avalia Veloso em entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Ajufe afirma que a opinião pública precisará ficar atenta, pois o escolhido terá muito poder. "Ele poderá continuar o trabalho do ministro Teori, mantendo as investigações. Ou terá o poder de impedir a continuidade das investigações", afirma Veloso, concluindo que o novo relator poderá colocar em risco a operação. "O ministro a quem couber os processos terá o poder de, monocraticamente, barrar as investigações. Claro que terá de enfrentar o peso da reação da opinião pública, mas é um risco real", complementa.

O prejuízo no andamento dos processos relacionados à operação já existe, segundo Veloso. De acordo com ele, é inevitável um atraso na homologação das delações da Odebrecht, uma vez que aquele que assumir terá que se informar sobre os processos, que não são simples. "O novo relator vai ter de montar sua equipe. São várias decisões que causarão atraso."

Veloso lembra que há um apelo popular para a nomeação do juiz Sergio Moro para essa vaga no Supremo. Na opinião do presidente da Ajufe, o juiz é uma pessoa gabaritada e preparada para o cargo. "Ele tem amplas condições de assumir a vaga de ministro do Supremo. Seja agora ou mais tarde."

Crise nos presídios

Veloso também comentou a crise nos presídios. Em sua opinião, a rebelião tem uma causa, que é o aumento da criminalidade. "O aumento da violência urbana e do tráfico de entorpecentes funciona como se fosse um fornecedor de presos. E o sistema prisional não está preparado para receber tantas pessoas", explica. Segundo Veloso, a formação das organizações criminosas nos presídios é o resultado de uma disputa por mercados, e essa guerra entre eles pode estourar a qualquer momento, em qualquer lugar do país.

Quanto às medidas anunciadas pelo governo, Veloso acredita que não serão suficientes. "O governo anuncia que fará um esforço para construir mais cinco presídios federais. Mas precisa, primeiro, terminar o que está quase pronto, como é caso do presídio de Brasília. Então, medidas como a abertura de mais 30 mil vagas dentro de um déficit de vagas que chega hoje a 300 mil, acho que vai adiantar muito pouco."

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