Desde que passou a representar o tenente-coronel Mauro Cid em sua defesa legal, o advogado Cezar Bitencourt apresentou diversas narrativas em relação à participação de seu cliente nas transações envolvendo joias recebidas durante suas viagens oficiais.
Em um espaço de apenas duas semanas, o advogado criminalista chegou a declarar que o ex-ajudante de ordens havia entregado a Jair Bolsonaro (do Partido Liberal) o valor proveniente da venda de um relógio Rolex. No entanto, sua posição atual é de que o militar "assumiu total responsabilidade" pelos acontecimentos e não acusa o ex-presidente de estar envolvido no referido esquema.
— Sobre a recompra das joias, o Cid assumiu tudo e não colocou Bolsonaro em nada. Não tem nenhuma acusação de envolvimento em corrupção ou suspeita sobre o Bolsonaro. A defesa não está jogando Cid contra Bolsonaro. O Cid faz a sua defesa e esses aspectos de que Bolsonaro poderia ter corrupção ou desvio, inclusive de militares, não procede. Não há (nos depoimentos) nenhuma acusação em relação a honestidade do Bolsonaro — explicou Bitencourt ao blog da jornalista Camila Bonfim, no G1, na sexta-feira.
Durante a semana passada, Mauro Cid foi submetido a interrogatórios na sede da Polícia Federal em Brasília em três ocasiões, totalizando mais de 24 horas de depoimento. Os detalhes dessas entrevistas estão sendo mantidos em sigilo. No mesmo período, Cezar Bitencourt visitou o gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com o objetivo, segundo suas palavras, de se apresentar e se colocar à disposição da Corte.
— Sobre o dinheiro que ele pegava para pagar as contas do ex-presidente, ele disse claramente que era da aposentadoria dele e daquilo que recebia como presidente. Esse era o dinheiro que o Cid pegava para pagar as contas pessoais do Bolsonaro — disse, antes do encontro.