Aliados de Lula previam 'canetada' de Moraes contra o número 02 da Abin

A decisão do presidente de exonerar Moretti ocorre após o diretor-adjunto ter sido alvo de apurações relacionadas a uma suposta “Abin paralela”

Alexandre de Moraes e Alessandro Moretti | Montagem/MeioNorte
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Na terça-feira (30), em decorrência das investigações em andamento sobre uma possível espionagem ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu exonerar o diretor-adjunto da agência, Alessandro Moretti. A oficialização da demissão foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

Antes do anúncio da exoneração de Moretti, aliados do presidente indicavam que a permanência do diretor-adjunto se tornara insustentável, sugerindo que, caso Lula não tomasse tal decisão, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, poderia afastá-lo de suas funções por meio de uma decisão judicial.

O cargo vago na Abin será ocupado por Marco Cepik, atual responsável pela Escola de Inteligência da agência. Cepik, cientista político e ex-diretor-executivo do Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (CEGOV) em Porto Alegre (RS), assume o posto em meio a expectativas de alterações em outros setores da agência.

Interferência na investigação da PF

O inquérito da Polícia Federal (PF) aponta que membros da cúpula da Abin interferiram nas investigações, prejudicando o acesso a dados e sugerindo a possibilidade de um "conluio" entre investigados da gestão anterior e membros da administração atual. Esta situação acarretou prejuízos para a investigação, os envolvidos e a instituição como um todo.

A decisão de Lula de exonerar Moretti ocorre após o diretor-adjunto ter sido alvo de apurações relacionadas a uma suposta "Abin paralela". Durante uma reunião em março de 2023, Moretti teria afirmado que a ação teria "fundo político e iria passar". A PF considerou essa postura incompatível com a função anterior de Moretti como Diretor de Inteligência da PF.

Em outubro do ano passado, o ministro Alexandre de Moraes já havia afastado Paulo Maurício Fortunato, também da Abin, no contexto das investigações sobre o uso de um software espião. Fortunato, que ocupava uma diretoria na Abin no governo anterior, foi alvo de busca e apreensão.

Permanência insustentável

A exoneração de Moretti marca uma mudança de postura por parte do presidente Lula, que anteriormente evitava contrariar a nomeação do diretor-adjunto. Moretti já havia enfrentado resistência no governo, sendo desaconselhado por alguns auxiliares em 2023, mas alegava ser um nome de confiança do diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa. Na terça-feira, Lula afirmou que não havia clima para a continuidade de Moretti diante das acusações.

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