Na contramão de vários protestos nas ruas e na internet, militantes do PMDB aclamaram na tarde sexta-feira (1º) o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), num evento da ala jovem do partido realizado num auditório da Casa. Cerca de 500 pessoas, segundo os organizadores, participaram da Convenção Nacional da Juventude do PMDB para escolher um novo presidente e, ao final, muitos disputaram para tirar fotos com o senador.
Depois de falar rapidamente na abertura do evento, Renan parou para conversar com militantes efusivos, ao som de brados como "Renan, de novo, representando o povo!".
Desde que foi eleito, no início de fevereiro, Renan Calheiros tem sido alvo de protestos, já realizados em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Aracaju e Maceió. Na internet, um abaixo assinado pedindo sua saída obteve adesão de mais de 1,6 milhão de pessoas.
Gabriela Schwanke, do Rio Grande do Sul, conseguiu posar ao lado de Renan Calheiros enquanto ele era entrevistado por jornalistas. Ela afirmou ficar incomodada com as manifestações contra o senador.
"Incomoda, mas não dá para ser contra ele enquanto ele não for julgado", disse Gabriela. Para a integrante do partido, Renan é uma figura histórica para o PMDB. "Enquanto as denúncias contra ele não forem provadas, ele continuará sendo um símbolo do partido", disse.
Na mesma linha opinou o presidente da fundação do PMDB no Paraná, Rafael Xavier. "Ele está sendo investigado como qualquer cidadão pode ser. Se for considerado culpado, cabe à Justiça definir", declarou.
Denúncia
Uma semana antes de sua eleição para o Senado, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal denúncia contra Renan Calheiros, acusando-o de desvio de dinheiro público, falsidade ideológica e uso de documento falso.
A resistência ao senador remonta à sua renúncia da presidência do Senado em 2007, após a suspeita de que tinha pensão de uma filha paga por um lobista. A denúncia do Ministério Público se baseou no suposto uso de notas fiscais frias na época a fim de justificar renda para a despesa.
Na semana passada, seis senadores e um deputado assinaram uma carta de entidades anticorrupção pedindo ao STF agilidade no tratamento dado à denúncia apresentada pela PGR. Os ministros do Supremo ainda não decidiram se abrirão ação penal contra o senador, que nega as acusações.
Durante o evento, os jovens do PMDB também manifestaram apoio ao ex-presidente do Senado José Sarney (PMDB-AC). Para o ex-presidente, o grito de guerra foi: "Sarney, guerreiro, do povo brasileiro!", mesmo bordão usado por militantes petistas em referência a Lula.