Ao longo dos últimos anos, ser aliado de Eduardo Cunha era sinal de poder na Câmara, mas diante dos fatos recentes, a qualquer ligação ao parlamentar virou palavrão. Deputados que eram figurinhas carimbadas no gabinete do então presidente da Casa e alguns tão próximos a ponto de ajudar até na negociação para a renúncia agora negam a ligação com ele. A negação vai dos favoritos para a sucessão, Rogério Rosso (PSD-DF) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), a azarões como Beto Mansur (PRB-SP), Carlos Manato (SD-ES) e Carlos Marun (PMDB-MS).
Apontado como o candidato de Cunha, Rosso tenta constantemente minimizar publicamente o apoio. Diz que sua relação com Cunha foi boa, mas institucional. Destaca que, já como líder do PSD, apoiou Arlindo Chinaglia (PT-SP) na eleição de 2015. O fato é que fez até uma troca no Conselho de Ética que beneficiou Cunha e foi indicado por ele para presidir a Comissão do Impeachment, o que lhe deu a projeção para disputar o comando da Casa. Ele também era habitué dos almoços na residência oficial do então presidente da Câmara.
Rodrigo Maia, ao menos, tem a história de um rompimento para contar. Indicado por Cunha para relatorias importantes durante seu mandato, como a da reforma política, ele se afastou do peemedebista ao ser preterido na disputa pela liderança do governo de Michel Temer, que acabou nas mãos de André Moura (PSC-SE).
Primeiro secretário na Casa, Beto Mansur chegou ao extremo de divulgar na semana passada uma curiosa nota à imprensa. Em três parágrafos limita-se a rejeitar o rótulo. “O primeiro-secretário da Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), afirmou que não é aliado de Eduardo Cunha”, diz um trecho. Manato, corregedor da Casa por indicação do peemedebista, já o renegou também em entrevista afirmando que “o tempo dele já foi”.