Em uma declaração dada na terça-feira (12), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), expressou seu apoio ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nunes elogiou o comprometimento de Bolsonaro com a luta contra a corrupção no país, apesar das investigações em curso sobre um suposto esquema de venda ilegal de joias recebidas por servidores públicos, em missões oficiais, mostrarem o contrário. Tais investigações envolvem a possível imputação de crimes como peculato e falsificação de documentos, que poderiam resultar na expulsão de Bolsonaro do Exército.
Durante um evento da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) em Brasília, onde se discutia a reforma tributária, Nunes declarou: "O que eu vi sempre no presidente Bolsonaro, em todos os anos em que ele esteve à frente da Presidência, foi o combate à corrupção. Bastante integridade". Quando questionado sobre um eventual apoio de Bolsonaro nas eleições do próximo ano, o prefeito expressou o desejo de contar com o respaldo do ex-presidente.
Entretanto, é importante notar que a declaração de Nunes contrasta com suas palavras em uma palestra na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) em São Paulo, realizada no último dia 5. Naquela ocasião, ele negou qualquer proximidade com o ex-chefe do Executivo, respondendo a um aluno com a frase: "Eu? Do lado do Bolsonaro?". Esse episódio causou desconforto entre os auxiliares de Bolsonaro, que classificaram a afirmação como "absurda e descabida".
Comentários de bastidores
Nos bastidores, interlocutores do ex-presidente afirmam que o possível apoio de Bolsonaro a Nunes estaria em risco caso ele continue a adotar uma estratégia de distanciamento. Diante dessa perspectiva, o prefeito adaptou seu discurso após a reação negativa entre os apoiadores do ex-mandatário. No desfile de 7 de Setembro, por exemplo, Nunes expressou sua esperança de que Bolsonaro declare seu apoio à sua pré-candidatura, afirmando: "Espero que, no momento oportuno, ele possa anunciar seu apoio a mim, para que possamos unir o centro e a direita contra a extrema-esquerda".
Nesta terça-feira, Nunes também participou da inauguração de uma placa em homenagem a seu antecessor, Bruno Covas (PSDB), que faleceu em 2021 devido a complicações de um câncer. A homenagem ocorreu na sede da FNP, que foi batizada com o nome do tucano.
"Quero estender esta homenagem a Tomás Covas, seu filho, Renata, sua mãe, Pedro, seu pai, Gustavo, seu irmão, e a todos que admiravam Bruno e sentem profundamente sua falta", disse Nunes durante a cerimônia.
Essa homenagem a Covas ocorre em meio a uma disputa interna no PSDB sobre a estratégia do partido para o próximo ano. Enquanto o diretório municipal defende o apoio à reeleição de Nunes, a direção estadual está considerando lançar um candidato próprio. O presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi, declarou que o partido ainda está discutindo a questão e "não está claro qual será a posição do partido". No entanto, ele admitiu uma preferência por ver um candidato do PSDB na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Por outro lado, o vereador Xexéu Tripoli (PSDB) afirmou que a tendência da bancada do partido na Câmara Municipal é "trabalhar pela reeleição de Nunes".
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