Logo após o fim do debate com os candidatos à Presidência da República realizado nesta segunda-feira (1º) pelo UOL, Folha, SBT e Jovem Pan, a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, defendeu que a homofobia se torne crime. "Fico muito triste de ver que nós temos hoje grandes índices de violência atingindo essa população, principalmente quando se trata de homossexuais, mas também em todas as outras áreas. Acho que a gente tem de criminalizar a homofobia.
O que eu estou dizendo é que se deve criminalizar a homofobia. A homofobia não é algo que a gente possa conviver", afirmou a candidata petista, questionada por jornalistas sobre o tema. É a primeira vez que Dilma defende publicamente a criminalização da violência contra homossexuais. A posição coincide com o recuo da ex-senadora Marina Silva (PSB), principal concorrente de Dilma, no tema.
O debate começou com a presidente da República e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), indo ao ataque contra a candidata do PSB, Marina Silva. Já em sua primeira participação, a petista escolheu Marina para responder sua pergunta e indagou sobre a origem dos recursos para cumprir as promessas que vêm sendo feitas por Marina, como a de destinar 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação (R$ 70 bilhões) e de 10% da receita bruta para a saúde (R$ 40 bilhões).
"Todas essas suas promessas dão R$ 140 bilhões. De onde a senhora vai arranjar o dinheiro para cobri-las?" A pessebista respondeu que será possível dispor de mais dinheiro em caixa na medida em que a estrutura administrativa seja aprimorada, fazendo com que "o país volte a ter eficiência no gasto público": "Hoje, nós temos um desperdício muito grande dos recursos públicos, inclusive em projetos que estão desencontrados", afirmou Marina.
Também no primeiro bloco, o candidato Eduardo Jorge (PV) afirmou que o sistema carcerário brasileiro faz lembrar os campos de concentração nazista e aproveitou para defender uma revisão na política de proibição às drogas. A presidente Dilma Rousseff, por sua vez, afirmou que concorda com o adversário, que nosso sistema penitenciário é, sim, uma barbárie, mas que a culpa é dos governos estaduais. "Por isso, o governo federal colocou à disposição dos governos estaduais R$ 1 bilhão para que se financie modificações, novas penitenciárias", disse a presidente-candidata, no que foi rebatida por Eduardo Jorge: "Não adianta pôr a culpa no governo estadual.
O erro é você só investir na privação da liberdade, não investir no (regime) semiaberto, no aberto, de forma rigorosa para aumentar a capacidade de reintegração, porque há uma reincidência". Já o candidato Aécio Neves (PSDB) aproveitou a sua primeira pergunta para questionar Eduardo Jorge (PV) sobre o crescimento negativo do PIB no último trimestre (0,6%), aproveitando para, indiretamente, atacar o atual governo federal. O candidato do PV não desperdiçou a chance e disse ser este crescimento econômico "o legado" deixado pela atual administração.
Marina ataca Dilma e se defende sobre palestras citando Lula e FHC
A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, afirmou, durante o debate realizado por UOL, Folha, SBT e rádio Jovem Pan com os presidenciáveis nesta segunda-feira (1º), que seria preciso fazer um comparativo entre o R$ 1,6 milhão recebido por ela em palestras desde 2011 com os valores recebidos pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
A candidata ainda atacou a presidente Dilma Rousseff, que segundo ela, não reconhece seus erros. "Vamos fazer um comparativo entre as palestras que eu dei, as empresas que me contrataram e as demais lideranças, para que a gente não tenha dois pesos e duas medidas. Eu busco a transparência e acho que essa transparência deveria estar também para os R$ 500 bilhões que foram destinados ao BNDES sem que estivessem no orçamento público, isso sim diz respeito à vida dos brasileiros", disse ela.
A candidata disse ainda que é preciso "fazer uma separação da minha vida privada como cidadã". Segundo ela, o contrato de confidencialidade entre ela e os palestrantes "é muito mais uma exigência das pessoas que contratam meu trabalho do que da minha parte. Eu particularmente não tenho nenhum problema em que sejam reveladas as empresas que me contrataram, até porque eu vivo honestamente daquilo que faço, todo mundo sabe que dou palestras para poder levar a mensagem do desenvolvimento sustentável em todo o Brasil, e eu não vejo nenhuma incompatibilidade em quem vive honestamente do seu trabalho e a renovação da política", disse ela.
A presidente Dilma Rousseff (PT) rebateu, dizendo considerar que, quando se assume um cargo público, a transparência é uma necessidade. "Aliás, nós todos somos obrigados a divulgar o nosso Imposto de Renda, com todos os detalhes sem nenhum problema oculto ou qualquer outra restrição, eu acho que isso é uma exigência nova na política brasileira, e muito importante. Aliás, eu acho que a questão da governabilidade, ela implica em transparência. Se nós formos transparentes, todo o processo de negociação que é essencial numa democracia, ele não se torna problemático." Dilma disse a Marina que é preciso reconhecer os erros e limitações, até porque um diagnóstico errado vai levar a um caminho errado. "Propor como forma de solucionar a questão econômica no Brasil a autonomia do Banco Central só levará a maior dificuldade em regulação do sistema financeiro, o que, aliás, foi um dos pontos centrais quando houve a crise do mercado internacional, mas eu acho que tem os pessimistas de plantão, aqueles que também disseram que ia dar errado a Copa."
Aécio recebeu menos perguntas e ficou em posição secundária no debate
Diante das regras do debate desta segunda-feira (1°.set.2014) entre os candidatos a presidente da República, que permitiam a alguns candidatos serem mais ou menos alvo de perguntas, Aécio Neves, do PSDB, acabou recebendo menos questões que Marina Silva, do PSB, e Dilma Rousseff, do PT. Aécio Neves respondeu a um total de 3 perguntas. Dilma e Marina responderam, cada uma, a 4 perguntas. Isso deixou o tucano em uma posição secundária, o que reflete em certa medida as últimas pesquisas de intenção de voto.
O tucano também, em determinado momento, acabou fazendo uma aliança tácita com o microcandidato Levy Fidelix, do PRTB, quando trocaram perguntas e respostas sem se atacar, o que o nivelou por baixo da polarização principal no momento, que é entre Marina e Dilma.