“Até agora, não disse nada, a não ser se vitimar”, diz presidente Lula sobre Bolsonaro

Durante sua última agenda na Ásia, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou o pedido de anistia de Jair Bolsonaro. A autoridade questionou a estratégia da defesa, argumentando que o pedido de anistia sugere uma admissão de culpa antes mesmo de um julgamento.

É impressionante que os advogados do cidadão que está pedindo anistia não digam para ele que primeiro eles vão absolver o cidadão, que se absolver não tem anistia. Mas eles já estão tratando como se ele fosse culpado. Ele não está querendo nem se defender porque ele sabe, no subconsciente dele, que ele fez todas as bobagens que está sendo acusado.

A declaração ocorreu na tarde deste sábado (29) pelo horário local - madrugada, no horário de Brasília, em conversa com a imprensa na conclusão do Seminário Empresarial Brasil-Vietnã. “Eu tenho certeza que a anistia não é um tema principal para ninguém, a não ser para quem tá se culpabilizando”, afirmou o presidente ao falar sobre o projeto de anistia.

Ele deveria estar se defendendo, tá brigando, dizendo que é inocente, colocar a prova que é inocente. Até agora não disse nada, a não ser se vitimar, como é o hábito dele. Ofender os outros, xingar, chorar e dizer que os outros são culpados. Só ele sabe o que ele fez. Então, ele que tem que colocar a cabeça no travesseiro e saber o que é que está acontecendo

O governante ainda negou ter discutido o assunto com os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos), e Davi Alcolumbre (União Brasil), durante a viagem à Ásia.

Você acha que eu iria convidar o presidente da Câmara e o presidente do Senado para discutir, a 11 mil metros de altura, problemas que eu posso discutir em terra, na minha casa, na casa deles, no senado ou na presidência da república? Não, eu fiz questão de não discutir com eles nenhum assunto do Brasil. A gente vai regressar hoje, chegaremos domingo lá em casa e a gente então vai sentar a partir da segunda, terça, quarta, quinta, sexta-feira e fazer todas as discussões que a gente tem que fazer.

Bolsonaro se torna réu por tentativa de golpe 

O ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados foram indiciados pela Justiça por tentativa de golpe de Estado em 2022. A decisão, tomada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), não implica em culpa, mas indica que os ministros consideraram haver indícios de crimes na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A PGR acusa o grupo de formar um "núcleo crucial" de uma organização criminosa que buscava subverter a democracia. Bolsonaro nega as acusações e defende publicamente um projeto de anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

O projeto, no entanto, enfrenta resistência no Congresso. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, já declarou que a proposta não é uma prioridade, indicando que não pretende levá-la adiante.