Ato no Rio de Janeiro marca os 6 anos do crime que matou Marielle Franco

Manifestação buscou clamar por justiça para um crime que ainda permanece sem solução completa.

Ato marca os seis anos do assassinato de Marielle Franco | Tomaz Silva/Agência Brasil
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Um grupo formado por políticos, familiares e membros da sociedade civil se reuniu nas escadas da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, em um ato de protesto marcando os seis anos desde o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. Liderada por Mônica Benício, viúva de Marielle e atual vereadora pelo PSOL, a manifestação buscou clamar por justiça para um crime que ainda permanece sem solução completa.

"Estamos aqui para exigir justiça," declarou o grupo. Mônica, em seu discurso, expressou a dolorosa falta de respostas e declarou que viver sem solução para um crime tão brutal é como se a sociedade ainda tolerasse esse tipo de violência contra outras Marielles. 

Luyara Santos, filha de Marielle (Tomaz Silva)

"Hoje é um dia de tristeza profunda. Eu gostaria de poder estar em casa, lidando com minha dor e saudade em privado, mas é necessário estar aqui, fazendo a voz da sociedade ser ouvida e exigindo justiça das autoridades," afirmou Mônica.

Mônica também compartilhou sua relutância em criar expectativas sobre a conclusão das investigações. "Decidi não alimentar mais expectativas por agora. Apesar dos progressos significativos alcançados desde o último ano, jamais imaginei que chegaríamos a este sexto ano sem respostas," comentou a vereadora.

HOMENAGENS: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou seu compromisso com a busca por justiça, ecoando uma mensagem compartilhada por Anielle Franco, irmã de Marielle e atual ministra da Igualdade Social. Anielle também usou as redes sociais para homenagear a irmã, publicando fotos que capturam momentos privados e significativos vividos por Marielle ao lado de sua família. "Daria tudo para ter você aqui comigo," escreveu Anielle.

A ministra participou do ato no centro do Rio em memória de sua irmã e de Anderson, onde expressou sua tristeza pelo contínuo mistério que envolve o assassinato. Familiares e amigos da vereadora e de seu motorista assistiram a uma missa na Igreja Nossa Senhora do Parto em sua homenagem.

DECLARAÇÕES DA VIÚVA DE ANDERSON: A viúva do motorista Anderson Gomes, Agatha Arnaus, também se manifestou e disse que são 6 anos de muita dor. "Se leva seis anos ou mais e era Marielle dentro do carro, imagina para todos os outros casos que não estavam com Marielle”, questionou.

“Pergunto-me se todos esses casos vão ter resposta. Quantos vão ficar invisíveis. A gente tem que se indignar muito mais do que só no dia 14 de março. A gente tem que se indignar muito mais e todos os dias”, disse.

Pais de Marielle Franco durante ato no Rio (Tomaz Silva)

O Partido dos Trabalhadores (PT) prestou sua homenagem a Marielle e ressaltou a iniciativa de um projeto de lei que visa estabelecer o dia 14 de março como o Dia Internacional Marielle Franco, dedicado à conscientização sobre a violência contra mulheres na política.

Nas redes sociais, a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, afirmou que continua a honrar o legado de Marielle por mais representatividade feminina na política e nos espaços de poder, enquanto participa da 68ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW) das Nações Unidas em Nova York. "Pode descansar, Marielle, um pedacinho de você continua conosco nesta luta. Sua irmã é ministra e tem representado muito bem," disse Janja.

RELEMBRE O CRIME: Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados numa noite de terça-feira. A vereadora tinha saído de um encontro no Instituto Casa das Pretas, no centro do Rio, quando o carro dela foi perseguido até o bairro do Estácio. 

QUEM SÃO OS ENVOLVIDOS NO CRIME: Investigações e uma delação premiada apontam o ex-policial militar (PM) Ronnie Lessa como autor dos disparos. Treze tiros atingiram o veículo. Lessa está preso e já tem condenação por contrabando de peças e acessórios de armas de fogo. O autor da delação premiada é o também ex-PM Élcio Queiroz, que dirigia o Cobalt usado no crime.

Outro suspeito de envolvimento preso é o ex-bombeiro Maxwell Simões Correia, conhecido como Suel, que teria ficado como responsável por entregar o Cobalt usado no crime para desmanche. Segundo investigações, todos têm envolvimento com milícias. No mês passado, a PM prendeu Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, dono do ferro-velho acusado de fazer o desmanche e o descarte do veículo. O homem já havia sido denunciado pelo Ministério Público em agosto de 2023, acusado impedir e atrapalhar investigações. Apesar das prisões, seis anos após o crime ninguém foi condenado. Outros suspeitos foram mortos.

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