Um grupo formado por políticos, familiares e membros da sociedade civil se reuniu nas escadas da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, em um ato de protesto marcando os seis anos desde o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. Liderada por Mônica Benício, viúva de Marielle e atual vereadora pelo PSOL, a manifestação buscou clamar por justiça para um crime que ainda permanece sem solução completa.
"Estamos aqui para exigir justiça," declarou o grupo. Mônica, em seu discurso, expressou a dolorosa falta de respostas e declarou que viver sem solução para um crime tão brutal é como se a sociedade ainda tolerasse esse tipo de violência contra outras Marielles.
"Hoje é um dia de tristeza profunda. Eu gostaria de poder estar em casa, lidando com minha dor e saudade em privado, mas é necessário estar aqui, fazendo a voz da sociedade ser ouvida e exigindo justiça das autoridades," afirmou Mônica.
Mônica também compartilhou sua relutância em criar expectativas sobre a conclusão das investigações. "Decidi não alimentar mais expectativas por agora. Apesar dos progressos significativos alcançados desde o último ano, jamais imaginei que chegaríamos a este sexto ano sem respostas," comentou a vereadora.
HOMENAGENS: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou seu compromisso com a busca por justiça, ecoando uma mensagem compartilhada por Anielle Franco, irmã de Marielle e atual ministra da Igualdade Social. Anielle também usou as redes sociais para homenagear a irmã, publicando fotos que capturam momentos privados e significativos vividos por Marielle ao lado de sua família. "Daria tudo para ter você aqui comigo," escreveu Anielle.
A ministra participou do ato no centro do Rio em memória de sua irmã e de Anderson, onde expressou sua tristeza pelo contínuo mistério que envolve o assassinato. Familiares e amigos da vereadora e de seu motorista assistiram a uma missa na Igreja Nossa Senhora do Parto em sua homenagem.
DECLARAÇÕES DA VIÚVA DE ANDERSON: A viúva do motorista Anderson Gomes, Agatha Arnaus, também se manifestou e disse que são 6 anos de muita dor. "Se leva seis anos ou mais e era Marielle dentro do carro, imagina para todos os outros casos que não estavam com Marielle”, questionou.
“Pergunto-me se todos esses casos vão ter resposta. Quantos vão ficar invisíveis. A gente tem que se indignar muito mais do que só no dia 14 de março. A gente tem que se indignar muito mais e todos os dias”, disse.
O Partido dos Trabalhadores (PT) prestou sua homenagem a Marielle e ressaltou a iniciativa de um projeto de lei que visa estabelecer o dia 14 de março como o Dia Internacional Marielle Franco, dedicado à conscientização sobre a violência contra mulheres na política.
Nas redes sociais, a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, afirmou que continua a honrar o legado de Marielle por mais representatividade feminina na política e nos espaços de poder, enquanto participa da 68ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW) das Nações Unidas em Nova York. "Pode descansar, Marielle, um pedacinho de você continua conosco nesta luta. Sua irmã é ministra e tem representado muito bem," disse Janja.
RELEMBRE O CRIME: Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados numa noite de terça-feira. A vereadora tinha saído de um encontro no Instituto Casa das Pretas, no centro do Rio, quando o carro dela foi perseguido até o bairro do Estácio.
QUEM SÃO OS ENVOLVIDOS NO CRIME: Investigações e uma delação premiada apontam o ex-policial militar (PM) Ronnie Lessa como autor dos disparos. Treze tiros atingiram o veículo. Lessa está preso e já tem condenação por contrabando de peças e acessórios de armas de fogo. O autor da delação premiada é o também ex-PM Élcio Queiroz, que dirigia o Cobalt usado no crime.
Outro suspeito de envolvimento preso é o ex-bombeiro Maxwell Simões Correia, conhecido como Suel, que teria ficado como responsável por entregar o Cobalt usado no crime para desmanche. Segundo investigações, todos têm envolvimento com milícias. No mês passado, a PM prendeu Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, dono do ferro-velho acusado de fazer o desmanche e o descarte do veículo. O homem já havia sido denunciado pelo Ministério Público em agosto de 2023, acusado impedir e atrapalhar investigações. Apesar das prisões, seis anos após o crime ninguém foi condenado. Outros suspeitos foram mortos.