O futuro do regime de Bashar al-Assad, que há 24 anos governa a Síria, parece incerto após relatos de que o ditador teria deixado Damasco, segundo informações divulgadas por grupos rebeldes neste domingo (8). A possível queda do governo pode representar o fim de uma dinastia que controla o país há mais de cinco décadas.
Um regime autoritário com raízes familiares
Bashar al-Assad chegou ao poder em 2000, sucedendo seu pai, Hafez al-Assad, que governou a Síria por 30 anos. Embora tenha iniciado seu governo com promessas de modernização e reformas econômicas, a expectativa de mudanças deu lugar à consolidação de um regime autoritário. Cercado por uma elite política e militar leal, Assad fortaleceu o controle do Estado e reprimiu qualquer dissidência.
Da Primavera Árabe ao colapso
O ponto de virada veio em 2011, quando a Primavera Árabe inspirou protestos pacíficos em várias partes do país. O governo respondeu com força militar, desencadeando uma guerra civil que se prolonga até hoje. O conflito envolveu diversas facções e interesses internacionais, incluindo os Estados Unidos, a Rússia, o Irã e a Turquia.
Entre as acusações mais graves contra o regime está o uso de armas químicas contra civis, como no ataque de Ghouta em 2013, que gerou condenação internacional e sanções econômicas. A guerra devastou o país, matando mais de 500 mil pessoas e forçando milhões a buscar refúgio no exterior.
Sobrevivência com apoio externo
O regime de Assad permaneceu de pé graças ao suporte crucial da Rússia e do Irã. A intervenção militar russa em 2015 foi determinante para que as forças leais ao governo recuperassem territórios estratégicos, incluindo grandes cidades como Aleppo. Apesar disso, a Síria permanece fragmentada, com regiões sob controle de grupos rebeldes e milícias curdas.
Um país em crise
Atualmente, a Síria enfrenta isolamento diplomático e uma grave crise econômica. Sanções internacionais, corrupção endêmica e a destruição da infraestrutura nacional dificultam a recuperação do país. Apesar de recentes tentativas de reaproximação com países árabes, o governo de Assad continua sendo criticado por violações de direitos humanos e pela repressão contínua a opositores.
O desfecho de uma dinastia?
A ofensiva rebelde que reacendeu o conflito nos últimos dias culminou na tomada de importantes cidades, incluindo Damasco. Caso confirmada a saída de Assad, o momento pode marcar o colapso de um regime que simboliza tanto a resiliência quanto a brutalidade de uma das guerras mais devastadoras do século XXI.