O democrata Joe Biden deverá ganhar a eleição presidencial americana. E há chance de uma vitória de lavada sobre o presidente Donald Trump. É o que diz o colunista da UOL, Kennedy Alencar.
Nesse cenário, diminuiria muito a possibilidade de Trump tentar invalidar votos pelo correio a fim de ganhar a eleição no tapetão. Se o republicano surpreender e perder por margem apertada, poderá haver alguma turbulência.
Mas a vantagem que Biden tem nas pesquisas a 8 dias das eleições de 3 de novembro dá ao democrata muito mais confiança na vitória do que numa improvável virada de Trump.
Nesta mesma fase da eleição há quatro anos, a vantagem de Hillary Clinton sobre Trump era menor: 4 pontos percentuais. A média das pesquisas dava 46% para a democrata e 42% para Trump.
Ela venceu no voto popular, mas as vitórias surpreendentes do republicano em alguns estados decisivos no Colégio Eleitoral decidiram a parada no Colégio Eleitoral, que tem 538 delegados. Trump teve 306 votos contra 232 na eleição indireta.
A situação em 2020 é diferente de 2016. O democrata tem entre 9 e 10 pontos de dianteira no voto nacional nas diferentes médias das pesquisas feitas por veículos de comunicação e sites especializados na cobertura desses levantamentos.
E naqueles estados considerados decisivos no Colégio Eleitoral nos quais Trump venceu Hillary por margem apertada e levou todos os delegados?
Em três deles, Biden lidera com folgas que vão de 6 a 8 pontos percentuais de dianteira. Na média calculada pela rede de TV CNN, Biden tem diante de 8 pontos percentuais no Michigan, com 16 delegados no Colégio Eleitoral. Possui 7 pontos percentuais no Wisconsin (10 delegados). E tem 6 pontos percentuais na Pensilvânia (20 delegados).
O democrata também se revelado competitivo num grupo de estados que deveria ser mamão doce para Trump: Flórida, Iowa, Carolina do Norte, Geórgia, Arizona e até o Texas.
A imprensa americana trata com cuidado as previsões sobre o resultado porque quebrou a cara em 2016. Mas só um milagre manterá Trump na Casa Branca. Há uma série de fatores que permitem tratar a eleição de Biden como provável.
O voto feminino está majoritariamente com o democrata. Os eleitores negros também. Biden perde por margem menor no segmento de homens brancos sem diploma universitário. O Partido Democrata está unido desta vez e mobilizou a sua base para ir às urnas. Isso é fundamental num país no qual o voto é facultativo. Tem uma pandemia no meio do caminho. Eleitores mais velhos que rejeitaram Hillary, sobretudo moderados brancos, veem a covid-19 se agravar no país. E há certa exaustão com esse estilo agressivo, incompetente, irresponsável e divisionista de Trump.
A chance de Biden ganhar de lavada é real e faria um bem danado aos EUA e ao planeta devido ao seu caráter civilizatório.