Uma comitiva de políticos bolsonaristas, liderada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, esteve em Washington, nos Estados Unidos, com o objetivo declarado de divulgar o que chamam de "ataques à democracia e à liberdade de expressão" no Brasil. Apesar da finalidade de mostrar a situação brasileira aos políticos americanos, o primeiro encontro foi com o republicano George Santos, deputado que enfrenta 23 acusações criminais, incluindo desvio de fundos de campanha para fins questionáveis.
O Comitê de Ética da Câmara dos EUA divulgou um relatório, no dia seguinte ao encontro, em que mostra evidências de desvio de fundos por Santos, inclusive para aplicação de botox e gastos em um site de conteúdo erótico. Santos, que já enfrentou pedidos de cassação por colegas de partido, ganhou notoriedade após o New York Times revelar inconsistências em seu currículo. Nesta quinta-feira, ele anunciou que não buscará a reeleição.
Além de Eduardo Bolsonaro, a delegação incluiu os senadores Jorge Seif (PL-SC), Magno Malta (PL-ES) e Eduardo Girão (Novo-CE), e os deputados Alexandre Ramagem (PL-RJ), Gustavo Gayer (PL-GO), Altineu Cortes (PL-RJ), Capitão Alberto Neto (PL-AM), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Julia Zanatta (PL-SC). O influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo, neto do último presidente da ditadura militar, João Figueiredo, também acompanhou o grupo.
Durante a visita, o grupo teve reuniões com políticos americanos, incluindo a deputada conservadora Marjorie Taylor Greene, conhecida por apoiar teorias da conspiração, o deputado Chris Smith, defensor de Israel e oponente do direito ao aborto, e o líder da maioria na Câmara, o republicano Steve Scalise.
O objetivo das conversas foi apresentar a "realidade do que vem acontecendo no Brasil em termos de censura, liberdade de expressão, de imprensa e imunidade parlamentar para nossas contrapartes nos Estados Unidos", segundo Eduardo Bolsonaro. O grupo trouxe uma carta endereçada a congressistas americanos, alegando abusos de liberdade de expressão e imprensa, perseguição política e violação do sistema acusatório no Brasil.
Além das reuniões no Capitólio, a comitiva se dividiu em encontros com o think tank conservador Heritage Foundation e a Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos (CIDH). Na CIDH, o grupo se encontrou com o relator especial para Liberdade de Expressão, Pedro Vaca Villarreal, e técnicos do secretariado executivo da comissão. O nível da discussão foi relatado como tenso, com a comitiva mencionando alegadas violações da liberdade de expressão no Brasil, enquanto a CIDH afirmou não poder repassar informações sobre casos em tramitação a terceiros.