A partir de hoje, 1º de janeiro, o Brasil assume a presidência rotativa do Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Durante o primeiro semestre de 2025, o Brasil planeja concentrar as atividades do bloco, enquanto se prepara para sediar a COP30 no segundo semestre.
"O Brics tem que ser parte dessa construção [de um mundo sustentável]. É importante que haja um entendimento entre esses países", afirmou à Agência Brasil o secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, Eduardo Saboia.
Como presidente do Brics, informou o Planalto, caberá ao Brasil organizar e coordenar as reuniões dos grupos de trabalho que compõem o bloco e reúnem representantes dos países-membros. O objetivo, segundo o governo brasileiro, é debater as prioridades da presidência.
Entre as prioridades estabelecidas estão: facilitação do comércio, governança da Inteligência Artificial, financiamento contra mudanças climáticas, fortalecimento da cooperação no Sul Global e a modernização institucional do grupo. O Planalto já anunciou mais de 100 reuniões em Brasília e uma cúpula de chefes de Estado no Rio de Janeiro, prevista para julho.
DISCUSSÕES SOBRE SUBSTITUIÇÃO DO DÓLAR
Uma das discussões centrais no Brics é a substituição do dólar em transações comerciais, uma ideia defendida pelo presidente Lula. A dependência da moeda norte-americana é vista como um ponto de vulnerabilidade para economias emergentes diante de flutuações da política monetária dos EUA. Desde Bretton Woods, o dólar domina o comércio global, mas debates no Brics buscam alternativas que reduzam os impactos econômicos dessa hegemonia. Apesar de pressões externas, como ameaças do ex-presidente Donald Trump, o tema permanece estratégico para os países membros.
EXPANSÃO DO BRICS E IMPACTOS GEOPOLÍTICOS
A presidência brasileira ocorre em um momento de expansão do Brics, que aprovou a entrada de seis novos países em 2023, incluindo Irã e Etiópia. Além disso, discute-se a criação da categoria de parceiros, ampliando a influência de Rússia e China. Especialistas divergem sobre os impactos econômicos dessa expansão, mas concordam que a disputa geopolítica entre blocos, como o G7 e o Brics, é central.
Para analistas como José Luís Oreiro, da UnB, a ampliação reflete interesses estratégicos de áreas de influência, mais voltados ao poder global do que à economia direta dos membros.
"O G7 é um grupo que tem muita influencia dos Estados Unidos, da Europa e do Japão. Com isso, o Brics se torna um clube favorável à China e à Rússia. Veja esses países que estão entrando. Cuba, por exemplo. Qual a vantagem para o Brics? Nenhuma. Mas, no fundo, você cria mais uma área de influência. É interesse geopolítico, não é de caráter econômico. Ou seja, disputa de influência", afirmou Oreiro.
Com informações do g1