Brazão diz que continua presidente da CPI dos Ônibus apesar de tumulto

Vereador não havia assinado requerimento de abertura da comissão

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O vereador Chiquinho Brazão (PMDB) afirmou em reunião com representantes de manifestantes que não renunciará à presidência da CPI dos Ônibus. Brazão - que não assinou o requerimento de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito - foi eleito na manhã desta sexta-feira, na primeira reunião da CPI, gerando protestos na Câmara Municipal, no Centro do Rio.

"A Casa não se ganha com grito. Aqui é um parlamento. Estamos abertos a atender todas as reivindicações. Sou um presidente eleito democraticamente. Cumprimos todos os requisitos para um regimento aberto. Não pretendo sair dessa posição porque fui eleito pela maioria dos membros", disse Brazão, durante conversa com quatro representantes dos manifestantes, ocorrida no gabinete da presidência da Câmara. Também participaram da reunião outros sete vereadores e o presidente da Casa, Jorge Felippe (PMDB).

Após a escolha de Brazão para a presidência da CPI dos Ônibus, cerca de 60 pessoas invadiram o gabinete do vereador, no 7º andar da Câmara, e picharam paredes, janelas, mesas e até o teto com termos como: "Ladrão", "CPI do busão", "Isso aqui é a gaiola dos ladrões", "O povo no poder", "Poder popular", "Amarildo?", "Fora Cabral", "A farra acabou", "Estamos de olho em vocês, seus mafiosos", "Golpe na CPI" e "Brazão ladrão e milícia".

Segundo o assessor Valdir Júnior, três pessoas estavam no gabinete quando ocorreu a invasão. "Abriram a porta, começaram a rabiscar as mesas, o teto e quebraram a cafeteira", disse Valdir, acrescentando que os manifestantes só não entraram na sala de computadores "porque não foi permitido". O grupo também deixou cartazes espalhados no local.

Por volta das 11h50, os manifestantes voltaram a ocupar o plenário.

Durante a primeira reunião da CPI dos Ônibus, que começou bastante tumultuada por volta das 9h40, o vereador Professor Uóston (PMDB) foi eleito relator.

Antes do início da sessão, por volta das 9h15, cerca de 150 pessoas aguardavam para entrar na Câmara. O público reclamava da dificuldade de acesso à Câmara Municipal, no Centro do Rio, para acompanhar a sessão. "Isso é uma manobra para esvaziar uma sessão tão importante", disse Manuela Trindade Oiticica, 29.

Eliomar Coelho (PSOL), que propôs a CPI, esperava que a Casa mantivesse a tradição e desse ao proponente o posto principal. Completam a lista de participantes de vereadores responsáveis pelas investigações dos contratos entre a prefeitura e as concessionárias de ônibus, Jorginho da SOS (PMDB) e Renato Moura (PTC).

Quem já estava no Salão Nobre, interrompia a todo momento o vereador Eliomar Coelho com pedidos para "esperar o povo".

"Ninguém teria mais interesse do que eu para que esse Salão Nobre estivesse cheio. Se eu não abrisse, correria o risco de não ser instalada a sessão", afirmou Eliomar.

Quando o vereador Chiquinho Brazão começou a falar, as pessoas gritavam: "O povo quer entrar, a casa é do povo".

?A presença do povo que vai dar legitimidade. É um absurdo não deixarem eles entrarem, nós sabemos da limitação do espaço. É a casa do povo e o povo tem que estar aqui dentro?, afirmou a vereadora Teresa Bergher (PSDB).

Ao fim da escolha da presidência e relatoria da CPI, o clima ficou mais tenso e quem entrou na Câmara não conseguia sair. O alemão Matias Gralle, professor da UFRJ, de 36 anos, que está há 10 no Brasil, chegou a pular o portão da Câmara para poder sair.

"É prisão. Estava preso aqui dentro. Não tem ninguém aqui fora ameaçando para que os portões não pudessem ser abertos. Eu fiquei uma hora na fila esperando para entrar. Se tivessem deixado a gente passar não teria nenhum empurra-empurra", garantiu Matias.

Dos cinco vereadores que vão conduzir a CPI do Ônibus no Rio, quatro não assinaram o requerimento de abertura da comissão e fazem parte da base governista. A única voz dissonante é a de Eliomar Coelho (Psol). Vereador mais velho da lista, ele teve o direito de convocar a primeira reunião, conforme prega o estatuto da Casa.

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