O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) foi condenado nesta terça-feira (19) pela quarta vez no âmbito da operação Lava Jato. O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, o sentenciou a mais 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro. O ex-governador ainda pode recorrer.
Cabral já tinha sido condenado a 72 anos de prisão em outros três processos -- ao todo, são três condenações com Bretas, no Rio, e uma com o juiz Sergio Moro, no Paraná, também na Lava Jato. Somadas, as penas chegam a 87 anos.
Dessa vez, o ex-governador foi sentenciado no âmbito da Operação Eficiência 2, que investigou a atuação dos doleiros Renato e Marcelo Chebar. Em depoimento, Cabral reconheceu que os doleiros eram os responsáveis por gerir dinheiro de caixa dois de campanha no país, bem como as sobras de que fazia uso pessoal.
"A magnitude de tal esquema impressiona, seja pela quantidade de dinheiro espúrio movimentado (milhões), seja pelo número de pessoas envolvidas na movimentação desses recursos", diz Bretas na decisão publicada nesta terça-feira (19).
Cabral é definido como o principal idealizador do esquema de lavagem de dinheiro.
Em junho, Cabral foi condenado por Moro a 14 anos e dois meses de prisão por corrupção passiva. Ele foi acusado de pedir e receber vantagem indevida no contrato de terraplanagem do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) e de 12 crimes de lavagem de dinheiro. No mesmo processo, a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo foi absolvida.
Nesta terça, no entanto, Bretas condenou Adriana Ancelmo, que deixou hoje o presídio em Benfica após ser beneficiada com decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, a oito anos de prisão.
Adriana já havia sido condenada a 18 anos de reclusão no processo referente à Operação Calicute, principal desdobramento da Operação Lava Jato no Rio e que levou para a cadeia, em novembro do ano passado, Cabral, ex-secretários de ex-secretários de Estado e empresários.
Em sua decisão de hoje, Bretas cita a "vida regalada e nababesca, o que vai muito além da mera busca pelo dinheiro fácil" ao fixar as penas do casal.
Além deles, foram condenados o ex-sócio de Adriana, Thiago Aragão (sete anos), o economista Carlos Miranda --tido como principal operador de Cabral-- (12 anos), o ex-funcionário Luiz Carlos Bezerra (quatro anos), outros dois operadores de Cabral e três doleiros (os dois irmãos Chebar e Alvaro Novis) que firmaram delação premiada. O publicitário Francisco de Assis Neto, o Kiko, foi absolvido.