O contraventor Carlinhos Cachoeira foi transferido para o Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana, na tarde deste sábado (8), às 16h50. O carro da Polícia Federal que transportou o bicheiro foi escoltado por outros dois carros, que seguiram em alta velocidade. Cachoeira ficará no Núcleo de Custódia, uma unidade de segurança máxima, que comporta até 80 detentos.
Em entrevista coletiva para a imprensa no final da tarde deste sábado, o presidente da presidente Agência Goiana do Sistema de Execução Penal (Agsep), Edemundo Dias de Oliveira Filho, confirmou que o preso ficará sozinho em uma cela de 6 metros quadrados. Como o dia de visitas no Núcleo de Custódia acontece somente aos sábados, Cachoeira deverá esperar para receber a visita de pessoas da família. Edemundo comentou que o preso poderá ter contato com o advogado sempre que julgar necessário.
Cachoeira foi condenado a 39 anos e 8 meses de prisão pelo Juiz federal Alderico Rocha Santos, no processo oriundo da Operação Monte Carlo, pelos crimes de peculato, corrupção, violação de sigilo e formação de quadrilha. A defesa pode recorrer da decisão.
Cachoeira voltou a ser preso logo após a publicação da sentença, do juiz Alderico Rocha, da 11ª Vara Federal, na tarde de sexta-feira, em Goiânia. Até então, Cachoeira permanecia em liberdade desde determinação da Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) no começo deste mês.
R$ 10 milhões
O mandado de prisão foi expedido pelo magistrado e cumprido pela Polícia Federal. Alderico informou que reavaliou a necessidade da prisão preventiva do contraventor. Consta na sentença que o contraventor terá de pagar R$ 10 milhões de fiança se quiser ser solto.
Cachoeira estava em casa quando foi preso, por volta das 13h de sexta. Ele foi levado para a Polícia Federal, em Goiânia. O advogado dele, Nabor Bulhões, informou ao G1 na tarde que estava em Brasília e que vai apurar o motivo da prisão antes de se pronunciar. Nabor não atendeu o celular e não foi localizado no sábado (8).
Banho de sol
A área reservada ao Núcleo de Custódia conta pátio para banho de sol, parlatório, onde o preso pode conversar com o advogado, e posto de saúde. Nesse espaço, o reeducando também pode participar de atividades socioeducativas, como o Programa Renascer, para dependentes químicos.
No Núcleo de Custódia, os detentos são acompanhados por uma equipe multiprofissional que conta com assistente social. Nesse espaço, os reeducandos podem até iniciar o processo de ressocialização, começar a trabalha e depois o juiz pode ver a progressão da pena.
Inicialmente, foi divulgada a informação de que Cachoeira poderia ser transferido para a Casa de Prisão Provisória (CPP). ?Em tese, ele teria de ir para a CPP, pois ele é considerado preso provisório e ainda há prazo para a defesa recorrer da sentença, mas, pela especificidade do seu caso, que chama muito a atenção de todos, inclusive da imprensa nacional, e pela segurança do reeducando, vamos colocá-lo no Núcleo de Custódia, que abriga presos sentenciados com esse perfil?, explicou o presidente Agência Goiana do Sistema de Execução Penal (Agsep), Edemundo Dias de Oliveira Filho.
A reportagem tentou falar com a Polícia Federal (PF) e com o advogado de Cachoeira, Antônio Nabor Bulhões, que não atenderam às ligações ou retornaram os contatos. Extraoficialmente, chegou a circular a informação, repassada por funcionários da PF, que não têm autorização para falar com a imprensa, de que a Polícia Federal não conta com efetivo, carros e equipes, em quantidade necessária para realizar a transferência do preso durante o final de semana.
A Prisão anterior
No último dia 21, Cachoeira deixou o presídio da Papuda, em Brasília, beneficiado por um alvará de soltura expedido pela 5ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Ele havia ficado preso por nove meses.
Na ocasião, o bicheiro seguiu para Goiânia, onde tem residência, para reencontrar os filhos.
Operações
O nome de Cachoeira aparece envolvido em duas operações da PF: a Monte Carlo e a Saint Michel. A Saint Michel é um desdobramento da Operação Monte Carlo, que apurou o envolvimento de agentes públicos e empresários em uma quadrilha que explorava o jogo ilegal e tráfico de influência em Goiás.
Cachoeira foi preso em fevereiro devido às investigação da Monte Carlo. Já preso, foi expedido um novo mandado contra ele pela Operação Saint Michel. Em outubro, ele obteve um habeas corpus relacionado às investigações da Monte Carlo, mas continuou preso em razão do mandado expedido pela Saint Michel.
Cachoeira é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional, que investiga as relações dele com políticos e empresários.