Uma semana depois de ter subido o tom nas críticas a Dilma Rousseff, o presidenciável e governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), disse neste domingo (16), em viagem pelo interior do Estado, que o governo petista entrega cargos "como se estivesse distribuindo bananas ou laranjas".
Em discurso durante ato político em Surubim (a 130 km do Recife), o também presidente do PSB afirmou que Dilma "não deu conta de melhorar o país". "Não podemos deixar que o Brasil derreta na inflação, no populismo, na entrega dos cargos como se estivesse distribuindo bananas ou laranjas", afirmou o governador.
Na semana passada, também durante viagem ao interior, Campos disse que o Brasil "não aguenta" mais quatro anos de governo Dilma e que a presidente "não sabe de nada"
Em Surubim, antes de participar de ato para apresentar os candidatos da chapa governista em Pernambuco, Campos disse fazer críticas baseadas "em fatos concretos".
"A presidenta Dilma recebeu o país das mãos do presidente Lula para melhorar o país e não deu conta de melhorar o país. E nós estamos correndo sério risco de poder desconstruir conquistas que foram feitas com muitas lutas", afirmou o governador durante entrevista em que foi tratado por blogueiros e jornalistas do município como "futuro presidente".
"Aqueles ou aquelas que tiveram a chance de fazer e não fizeram, me perdoem, a gente tem que ir para frente", completou o governador, que foi ministro de Lula (Ciência e Tecnologia) no primeiro mandato do petista.
Já no palanque, Campos voltou a criticar a presidente para uma plateia de cerca de 400 pessoas, segundo a organização do evento, que se reuniu em um clube para acompanhar discursos inflamados dos pré-candidatos. Em sua fala, Campos citou desde o cantor e compositor Gilberto Gil, igualmente ex-ministro de Lula, até o cineasta norte-americano Woody Allen.
"Todos nós entregamos à sua excelência, a presidenta da República, a quem eu respeito muito como pessoa e como a presidenta do nosso país, a chance para que ela fizesse o Brasil seguir mudando e melhorando. O que aconteceu é que ela não soube fazer o que ela estava predestinada, encarregada de fazer.
Ainda para a plateia, o presidenciável disse esperar reverter o percentual de pessoas que não o conhecem no Brasil.
"Quem sabe fazer uma boa tabuada sabe fazer a conta. Hoje, só 30% do povo brasileiro nos conhece e o mínimo que aparece nas pesquisas é 12%. Faz a regra de três. Daqui pro dia 5 de outubro, 100% vai conhecer", afirmou. "O povo brasileiro sabe que quer mudança. Não sabe ainda o nome e as ideias da mudança."
"Vamos bater onde vocês sabem que nós vamos bater porque eu posso dizer que a estrada de onde viemos até aqui foi muito mais difícil do que a estrada daqui até onde onde nós vamos chegar", completou.
Em 2006, no início da campanha pelo governo de Pernambuco, Campos tinha apenas 3% das intenções de voto e ganhou as eleições. Agora, de acordo com a última pesquisa Datafolha, ele tem 12%.
FOGO AMIGO
Durante a entrevista coletiva, Campos também criticou os gastos do governo federal para evitar reajustes nas contas de energia e nos preços da gasolina e do diesel. Segundo cálculo do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura) feito a pedido da Folha, os subsídios podem chegar a R$ 63 bilhões neste ano.
O governador de Pernambuco disse que critica a presidente de forma mais honesta que integrantes do próprio partido de Dilma. "Muita gente do PT, inclusive nas disputas internas do PT, falam mais coisa da Dilma e de um jeito muito mais duro do que as críticas que eu faço", afirmou. "A única questão é que eu digo isso publicamente, com respeito, e muitos ficam dizendo isso pelos cantos."
CRISE COM PMDB
Campos também provocou a presidente Dilma Rousseff ao apontar um estranhamento em relação à crise entre o governo federal e o PMDB. "O principal aliado do processo político que levou a presidenta Dilma ao governo foi o PMDB, por escolha dela."
"Acho que eles que devem explicar suas divergências para que a gente compreenda melhor. A presidenta não pode chegar agora, na véspera da eleição, e parecer que tem uma divergência de fundo com o PMDB porque ela escolheu o caminho desse PMDB e dessa direção do PMDB para ser o principal aliado do governo dela. Ela não só colocou na vice, mas colocou em importantes funções dentro do governo e agora tem um problema", disse o governador.
De Surubim, o governador ainda seguiria para os municípios de Bonito e Gravatá, onde cumpriria agendas administrativas.