O governador Eduardo Campos afirmou, nesta sexta-feira (20), que o cantor Reginaldo Rossi conseguiu fazer o brega ser ouvido por todos. ?Nós estamos vivendo um momento de luto em Pernambuco. Reginaldo conseguiu quebrar preconceitos, aproximar universos que eram distantes uns dos outros, fazer o brega ser ouvido por todos, fazer música popular com qualidade, fazer um show com a presença de diversos ritmos da nossa música?, afirmou durante o velório do músico, que ocorre na Assembleia Legislativa, Centro do Recife.
Campos ainda destacou que o compositor contribuiu para divulgar as belezas de Pernambuco. ?É uma perda muito grande da nossa cultura, um querido amigo, um pernambucano que levou o nome do nosso estado para o Brasil e para o mundo, que divulgou as belezas do Recife, de Itamaracá, de todo o nosso estado, que fez a alegria no palco de muitas gerações?, comentou.
Ao ficar sabendo da notícia da morte de Rossi, o governador diz ter ficado muito triste. ?Por outro lado, foi o que disse a seus parentes: Reginaldo Rossi não teve uma vida que comportasse limitações, ou seja, a gente tenta depois compreender tudo isso, a gente que acredita em Deus sabe que foi melhor?.
Na noite desta sexta, a movimentação de fãs continua grande no local do velório. A vendedora Marlúcia Rodrigues, 52 anos, levou o filho Robson José, 12, ao velório. ?Não era fã como minha mãe, mas conhecia músicas dele sim, claro", revelou o jovem. ?Valeu muito a pena ter vindo. Não fiquei muito tempo na fila e pude vê-lo. Vou fazer de tudo para ir ao enterro amanhã [sábado]?, acrescentou Marlúcia.
Outra fã, a manicure Carla Margarida da Silva, 30, fugiu do trabalho e enfrentou fila para poder se despedir do artista. ?Dei uma desculpa para minha chefe e vim. Já que vou trabalhar de novo no sábado, não poderei ir ao enterro, então tinha que vê-lo hoje [sexta]. Escuto Reginaldo Rossi desde que tinha 8 anos e pra mim brega, só ele", afirmou.
Ao entrar na Assembleia Legislativa, alguns fãs cantavam a música ?Garçom?, hit do cantor. Outros deixaram flores em cima do caixão. O marceneiro Luiz Carlos de Souza fez questão de se vestir como o ?Rei do Brega?. Nas horas vagas, ele faz cover do ídolo e adota o nome de ?Rossi dos Coelhos?. "Somos conterrâneos, eu moro no bairro dos Coelhos, onde ele nasceu. Para nós, ele não está morto, está apenas dormindo. O Rei nunca morre, ele vive nos corações e nas canções", contou.
O cantor Alcimar Monteiro lembrou que Reginaldo Rossi o abrigou quando ele chegou ao Recife para trabalhar. "Além de ter um coração enorme, ele assumiu uma coisa que pouco artista tem, que é cantar o que o povo canta. É falar da alma do brasileiro. Se fôssemos comparar Reginaldo a um outro que conviveu com as letras, seria um Nelson Rodrigues, Jorge Amado, ele cantou nossa ascendência", ressaltou.
Tendo frequentado a casa de Rossi, o deputado estadual Daniel Coelho fez questão de ressaltar a capacidade de olhar o próximo que o cantor tinha. "Eu vou guardar sempre a casa dele sempre cheia. Ele era uma pessoa muito solidária, estava sempre ajudando todo mundo, isso é algo que sempre vou guardar dele", comentou.
O aspecto humano e cidadão do compositor foi destacado também pelo cantor Silvério Pessoa. ?Ele cantava a cidade, Pernambuco. Muitos artistas saem do Recife e olham a cidade de longe, ele não. É muito difícil você escutar um cantor exaltar a cidade como ele fez. Fora o legado musical, que é indiscutível?, disse.
Falência múltipla
Rossi morreu na manhã desta sexta-feira, no Recife, de falência múltipla de órgãos, decorrente das complicações de um câncer no pulmão direito. O velório será realizado a partir das 19h desta sexta-feira, no plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco, na Rua da Aurora, bairro da Boa Vista, área central do Recife.
O médico Jorge Pinho, um dos integrantes da equipe que tratou do artista, contou que o paciente vinha melhorando, mas, na quinta-feira (19), apresentou fadiga muscular e insuficiência respiratória, com queda no oxigênio. ?Por isso nós tivemos que interceder para fazer nova intubação. Ele teve que respirar com a ajuda de aparelhos, tivemos que sedar o paciente, porque faz parte do protocolo?, esclareceu.
De acordo com Pinho, Reginaldo estava sedado, cercado de cuidados devido a essa piora no quadro clínico. ?Mesmo com a hemodiálise sendo realizada, os rins dele não vinham respondendo. Ele estava anúrico, ou seja, sem urinar nada. Todos os órgãos têm que participar em harmonia para haver sucesso do tratamento?, afirmou.