A possível entrada do deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR-SP), na corrida à eleição municipal de São Paulo em outubro promete acirrar ainda mais a disputa, já que o parlamentar obteve 1,3 milhão de votos em 2010 e tem uma forte inserção nas camadas populares do eleitorado. Nesta quinta-feira, ele disse ao Terra estar "empolgado" com a perspectiva e deixou nas mãos do seu partido a decisão de lançá-lo ao pleito. De acordo com o professor de Ciências Políticas da Unicamp Valeriano Costa, se isso acontecer, o maior prejudicado será o PT.
"Ele certamente fará uma votação bastante importante numa eleição como essa e tem grandes possibilidades de perturbar o ambiente. Pelo histórico, o Tiririca tem forte poder de atração na periferia, entre os mais humildes, que é justamente o voto que o PT pretende arrecadar", afirmou Costa. Os principais nomes da disputa são Celso Russomanno (PRB), Gabriel Chalita (PMDB), José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT).
O PR, questionado sobre a intenção de Tiririca, ressaltou que não vai barrar as pretensões de nenhum de seus filiados, principalmente em se tratando do parlamentar. Conforme o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Caldas, o PT terá de fazer "uma oferta muito atrativa" ao PR para fazer com que Tiririca desista de concorrer.
"A prefeitura de São Paulo dá muita visibilidade aos candidatos, independente deles vencerem ou não, e a razão da entrada do Tiririca é aumentar o cacife do PR em São Paulo. Se o PT conseguir uma aliança com o PR no 1º turno, melhor. Agora, o que ele vai oferecer? Um ministério é muito, mas não para o caso do Tiririca, que faz um caminhão de votos", disse Caldas.
O parlamentar salientou ao Terra que a indicação ao cargo não seria estratégia do PR para forçar o PT a ceder o Ministério dos Transportes novamente ao partido, e sim um apelo popular. "A voz do povo é a voz de Deus. Os eleitores procuraram o partido e fiquei muito feliz que as pessoas gostariam que eu concorresse. Quem sabe? Estou empolgado. Acho muito legal o carinho do povo", argumentou ele.
PT está preocupado com Haddad
O PR integra a base aliada do PT em nível nacional, mas isso não significa que apoiará o partido no 1º turno em São Paulo. Segundo o professor Ricardo Caldas, o nome de Tiririca é importante para consolidar os Republicanos no Estado. "O PR deve ser aliado do PT em um eventual 2º turno, mas o problema é que o Haddad não está bem colocado como os petistas gostariam, e aí a coisa fica não administrável", explicou ele.
O cientista político Valeriano Costa entende que o PT fará uma pressão forte para que Tiririca desista, mesmo sabendo que o deputado "sente que tem espaço para crescer". "O PT certamente fará uma pressão forte para afastá-lo, pois o risco de reduzir a votação do Haddad é maior com o Tiririca na disputa", concluiu.
Serra lidera pesquisas
Após se lançar candidato nas prévias do PSDB pela prefeitura de São Paulo, o ex-governador José Serra subiu nove pontos em pesquisa de intenção de votos realizada pelo Datafolha entre quinta e sexta-feira da semana passada e que ouviu 1.087 eleitores. O tucano agora aparece com 30% dos votos, liderando a disputa e seguido por Celso Russomanno (PRB), com 19%, enquanto Fernando Haddad (PT), candidato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem apenas 3%.
A pesquisa tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento anterior, em que 21% dos entrevistados afirmou que votaria em Serra, foi divulgado no fim de janeiro.
Em um dos cenários em que aparece - contra Haddad e Gabriel Chalita (PMDB) -, Serra chega a 49%, o suficiente para vencer a eleição no primeiro turno, superando a soma de votos dos adversários. Os dois tucanos que sustentaram seu nome nas prévias do partido depois de Serra anunciar que concorreria, José Aníbal e Ricardo Tripoli, chegam a apenas respectivos 4% e 3% dos votos na pesquisa.
O Datafolha aponta Serra como o pré-candidato mais conhecido: 99% dos entrevistados o reconhecem, enquanto Chalita é lembrado por 52% dos eleitores e Haddad, por 41%. O ex-governador, entretanto, é também lembrado por ter abandonado a prefeitura em 2006 para concorrer ao governo do Estado: dos 76% que disseram conhecer a atitude tomada por Serra, 66% a reprovaram e 70% afirmaram que ele não deveria reincidir no ato. O levantamento do Datafolha foi recebido pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) sob o registro SP-00009/2012.