Representantes da sociedade civil trouxeram à tona preocupantes relatos durante uma recente audiência pública na Assembleia Legislativa do Piauí, indicando que as terras e recursos do estado estão sendo invadidos por residentes do Ceará. Dionísio Carvalho, ambientalista, destacou que a invasão vai além das fronteiras terrestres, afetando também os recursos hídricos da região, com a construção de uma grande barragem no rio Poti. Esta obra, segundo Carvalho, pode dificultar a passagem da água do Poti para o rio Parnaíba e para as cidades situadas abaixo.
“O Ceará não está tomando somente nossas terras, mas nossas águas. No rio Poti estão fazendo um projeto de uma grande barragem que vai dificultar ainda mais a passagem da água do Poti para o rio Parnaíba e para as cidades abaixo”, denunciou o ambientalista Dionísio Carvalho.
O ambientalista trouxe à tona uma mensagem enviada por uma suposta procuradora cearense a um morador do Piauí, anunciando um processo de desapropriação devido à construção da barragem. O morador, segundo o comunicado, era originalmente da cidade de Crateús (CE). O pesquisador Rômulo Fontenele também abordou a questão do Cânion do Rio Poti, destacando a criação de um parque estadual pelo Ceará, que abrange uma área em disputa.
Diante dessas constantes invasões, o Piauí tomou medidas legais e ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF). Eric Melo, assistente técnico da Procuradoria Geral do Estado, explicou que o processo utiliza documentos históricos e estudos sobre limites territoriais como argumento. Melo ressaltou que o Piauí está pleiteando uma área que, sem dúvida, pertence ao estado, destacando a necessidade de respeito às fronteiras.
O assistente técnico criticou os argumentos utilizados pelo Ceará, que propõe a divisa territorial pelo sopé da Serra, a parte mais baixa, considerando tal abordagem inédita na literatura mundial sobre limites territoriais. Eric Melo afirmou que há documentos não utilizados na ação que evidenciam a possibilidade de cidades como Viçosa do Ceará e Camocim retornarem ao território piauiense, enfatizando a busca do estado por respeito às fronteiras.
Essas informações foram respaldadas por documentos apresentados pelo historiador Fonseca Neto, consolidando a argumentação do Piauí na busca por uma solução justa e respeitosa para a disputa territorial em questão.