O cirurgião Raul Cutait classificou como "um sucesso" a cirurgia à qual foi submetido o vice-presidente José Alencar nesta sexta-feira (24) no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
A cirurgia durou aproximadamente quatro horas e meia, segundo boletim médico divulgado pela hospital na noite desta sexta.
Os médicos fizeram uma colostomia, procedimento pelo qual foi instalada uma sonda ligada a uma bolsa do lado externo do corpo para recolher os resíduos de Alencar.
"Ele está muito bem, se comportou muito bem durante a cirurgia, não teve nenhum problema maior. Todos os sinais vitais [estão] perfeitos, como se tivesse tido uma cirurgia menor. Mais uma vez, ele foi um bravo forte", declarou Cutait por volta das 21h15 em frente ao hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde a cirurgia foi realizada.
O boletim médico divulgado pelo hospital descreve que Alencar "tolerou bem o procedimento" e foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O vice-presidente tem uma "obstrução do intestino grosso (reto), na região pélvica, decorrente de nódulos tumorais", de acordo com o boletim. A cirurgia foi a 15ª realizada por José Alencar, que há 12 anos enfrenta o câncer. Mesmo no hospital, Alencar é o presidente em exercício porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está no Paraguai, onde participou da Cúpula do Mercosul.
Cutait afirmou que a colostomia poderia ter sido realizada anteriormente, mas disse que isso não foi feito a pedido do próprio Alencar. "Só que a evolução não foi tão favorável quanto todos nós queríamos", declarou.
De acordo com o médico, Alencar terá de usar, ao menos temporariamente, a bolsa externa para coleta dos resíduos implantada na cirurgia. "A colostomia vai ficar enquanto se avalia o que se pode fazer com os tumores lá embaixo", declarou Raul Cutait.
O cirurgião afirmou que os tumores não foram removidos porque haveria risco.
"É uma nova obstrução intestinal, desta vez no intestino grosso, próximo ao reto, uma região onde ainda existem alguns tumores e onde seria muito difícil abordar. Haveria um risco para ele", afirmou Cutait, que fez a cirurgia junto com Ademar Lopes, outro médico de Alencar.
"A opção minha e do doutor Ademar Lopes foi ter feito uma colostomia para aliviar a obstrução do intestino grosso. A cirurgia feita há duas semanas está muito bem. O trânsito no intestino delgado foi resolvido e está plenamente funcionante", disse.
De acordo com Raul Cutait, os médicos aguardarão que o vice-presidente se recupere da cirurgia para voltar a tomar "os medicamentos programados". Alencar foi admitido como voluntário para tratamento em um hospital nos EUA com uma medicação experimental de combate ao câncer.
Boletim
Leia abaixo a íntegra do boletim médico referente às 21h30 desta sexta:
"BOLETIM MÉDICO
24/7/09
21h30
O Vice-Presidente da República, José Alencar, submeteu-se hoje (24/7), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, a cirurgia para tratamento de obstrução do intestino grosso (reto), na região pélvica, decorrente de nódulos tumorais.
A cirurgia, realizada pelos Professores Doutores Raul Cutait e Ademar Lopes, com início às 17h e duração aproximada de 4h30, foi uma colostomia, para descompressão do intestino grosso. O paciente tolerou bem o procedimento, sendo encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O Vice-Presidente está sob os cuidados dos professores doutores Paulo Hoff, Raul Cutait, Ademar Lopes e Roberto Kalil Filho.
Dr. Antonio Carlos de Onofre de Lira Dr. Riad Younes
Diretor Técnico Hospitalar Diretor Clínico. "
Alta
Na noite desta quinta-feira (23), José Alencar chegou a receber alta e deixou o hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, após 15 dias no hospital -- ele havia se internado no último dia 8.
Mas Alencar teve de voltar na manhã desta sexta devido às cólicas que sentiu durante a madrugada. "O problema se mostrou agudo de ontem para hoje", afirmou Cutait.
O vice-presidente chegou numa ambulância e entrou no hospital em uma maca, com o corpo coberto.
Lula
A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informou, por meio de assessores que acompanham o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem ao Paraguai, que ele falou com Alencar pouco depois da nova internação.
Segundo a assessoria, o vice disse a Lula que precisou ser internado novamente por estar sentindo os mesmos sintomas que o levaram à primeira internação, dores abdominais.